Carlos Moedas falava no jardim da Estrela, onde PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança assinaram o acordo de coligação à Câmara de Lisboa, numa iniciativa que contou com a presença e intervenções dos líderes dos cinco partidos.
“Como engenheiro, aquilo que olho para esta cidade penso, aquilo que falta a Fernando Medina, aquilo que falta a esta câmara municipal é sem dúvida a visão, que não tem, a execução, que também não tem, e a participação das pessoas que nunca teve”, defendeu o cabeça de lista da coligação que junta PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança à Câmara de Lisboa.
Dando alguns exemplos de obras na cidade que considera que não tiveram a participação dos munícipes, Moedas destacou iniciativas como “o projeto das Torres do Restelo” e a ciclovia da Avenida Almirante Reis, que tem sido alvo de sucessivas críticas.
“Alguém ouviu as pessoas que todas as manhãs se levantam na Almirante Reis e que vêm à rua completamente bloqueada com uma ciclovia que cria poluição? As ciclovias não são para a poluição, são para retirar a poluição, são para descarbonizar a cidade”, considerou.
Por isso, com o objetivo de ouvir os cidadãos, realçou que se propõe a “fazer algo de muito diferente”.
“Algo com risco, mas com coração e paixão como sempre tive. Quero criar uma assembleia de cidadãos para Lisboa, uma assembleia que seja diferente, que não vai substituir o que temos, mas que vai complementar, com pessoas diferentes”, explicou.
“Cientificamente, se eu escolher pessoas aleatoriamente, se lhes perguntar se querem participar, eu tenho a certeza de que elas são a diversidade da minha cidade, elas não são pequenos grupos ideológicos que me querem convencer de uma coisa ou de outra. São esses que nunca participaram que eu quero que sejam parte desta nossa nova assembleia de cidadãos”, vincou.
O candidato social-democrata disse ainda que “as pessoas não querem mais esta governação da Câmara Municipal de Lisboa” e que “estão cansadas destes 14 anos”.
“São 14 anos de sempre o mesmo. De um PS que depende de uma extrema-esquerda que nos odeia, uma extrema-esquerda que odeia todos aqueles que não pensam como eles. E isso não pode ser a nossa Lisboa. Um esquerdismo de superioridade moral, um esquerdismo que acaba sempre por cair naquela que é a hipocrisia desse mesmo esquerdismo”, acrescentou, garantindo que quando for eleito presidente da câmara aceitará “todos aqueles que queiram mudar a cidade”.
Sobre a taxa de execução das políticas de Fernando Medina, Carlos Moedas acusou o socialista de “nada” fazer, argumentando que em 2019 “estavam 462 milhões de euros previstos para investir na cidade”, dos quais apenas 162 milhões foram executados.
“Fernando Medina não tem de facto visão para a cidade. Tem uma visão dos ‘rankings’ da cidade, tem uma visão que é fazer uma ‘check list’ e ter não sei quantos quilómetros disto e quilómetros daquilo, tem uma visão para parecer bem aos seus amigos, para parecer bem aos outros, para agradar sobretudo ao Governo”, criticou.
“É essa a agenda de Fernando Medina. É agradar ao Governo. Não é uma agenda ao serviço dos lisboetas, é uma agenda ao serviço do Governo”, reforçou Carlos Moedas.
Apontando que pretende uma cidade “que olha para o futuro, mas que vive o presente”, o líder da coligação Novos Tempos disse querer “ter uma sala de teatro em cada freguesia” e não quer “um projeto megalómano para o Parque Mayer”.
“Quero um projeto que seja da intersecção da cultura com a educação, com a arte e com a música. É isso que vamos fazer, simples, bom, claro, feito”, especificou o antigo comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação.
Na corrida à presidência da autarquia lisboeta, atualmente presidida por Fernando Medina (PS), estão, além de Carlos Moedas, João Ferreira (CDU), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt) e Nuno Graciano (Chega).
O executivo da Câmara de Lisboa é atualmente composto por oito eleitos pelo PS (no qual se incluem os Cidadãos por Lisboa), um do BE (que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas), quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois do PCP.
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