“A mim dá-me vontade de rir, por um lado, e tenho alguma tristeza pelo país ainda ser assim. Isto tem o ar todo de chapelada, aquele ar salazarento de chapelada que veem cá prometer coisas”, criticou o atual presidente da Câmara do Porto e recandidato a um terceiro mandato.
Rui Moreira, que esta manhã percorreu algumas das principais artérias da freguesia de Campanhã, disse acreditar que esta “forma de fazer política já tinha acabado” e que era “melhor, da próxima vez”, os socialistas “candidatarem um ministro à cidade do Porto”.
“Da próxima vez não arranjem [PS] um deputado e delegado do Governo, candidatem um ministro à cidade do Porto, é muito melhor, fazem o trabalho duplo”, destacou.
Considerando que a presença hoje da ministra da Saúde, Marta Temido, e do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, na campanha eleitoral socialista é “uma tristeza” e ao nível de “humor negro”, o candidato independente teceu também críticas à atuação da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
“Acho, acima de tudo, que a CNE passa o tempo a tentar martirizar os presidentes de câmara. Não é o meu caso, mas depois ao mesmo tempo venham os ministros e façam isso, é lamentável. Mas é o país que temos. É por causa disso que depois surgem partidos populistas. Se os partidos do regime assumem posições populistas, estão a incentivar as pessoas a aderirem ao populismo”, defendeu.
Questionado pelos jornalistas sobre a presença prevista para o fim de semana do primeiro-ministro, António Costa, no concelho vizinho de Vila Nova de Gaia, Rui Moreira disse achar “muito bem que venha fazer campanha”, uma vez que é também o secretário-geral do PS.
“Acho muito bem que venha, mas com certeza que virá, e conheço o Dr. António Costa, sei que quando vier tirará o traje de primeiro-ministro e vem fazer campanha como secretário-geral do PS. É perfeitamente legítimo”, disse.
E acrescentou, “outra coisa, é ministros que vêm ao Porto em funções de repente, sem despirem essa farda, aparecerem a falar como ministros”.
Também questionado sobre as críticas apontadas pelo PS, de que a câmara precisava de uma “desinfeção”, Rui Moreira disse ser uma “questão de gosto” que difere o “discurso do antigo militante do BE e agora candidato do PS” do seu.
Já quanto às críticas do PSD de que o candidato independente é “passado”, Rui Moreira disse que no dia das eleições, 26 de setembro, se verá “quem é futuro e quem é passado”.
Durante a ação de rua, que culminou no antigo Matadouro da Campanhã, Rui Moreira foi conversando com a população e ouvindo alguns queixumes, a maioria deles relacionados com habitação e “falta de condições”.
“Não se esqueça do Monte da Bela, por favor”, apelou uma senhora.
Rui Moreia, que a Campanhã e à população não foi “prometer nada”, garantiu, no entanto, que esta zona “sempre” foi uma “prioridade”.
“Toda esta zona que estamos a visitar é uma das zonas preferenciais e é para nós considerada estratégica para a cidade, para toda a zona oriental e para a cidade”, disse.
Já na envolvente do antigo Matadouro, projeto que disse ser o “mais estruturante” e o “enquadramento perfeito do programa desde há oito anos”, Rui Moreira disse ser sua intenção tê-lo concluído num espaço de "dois anos".
São candidatos à presidência da Câmara do Porto, nas eleições de 26 de setembro, Rui Moreira (movimento independente "Rui Moreira: Aqui há Porto" - apoiado por IL, CDS, Nós, Cidadãos!, MAIS), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te) e Diamantino Raposinho (Livre).
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