
Se hoje se decide o futuro romeno, em dezembro, recordemos, tinha já existido um vencedor, concretamente o candidato independente de extrema-direita Călin Georgescu, que ninguém conhecia.
Esta vitória, contudo, e segundo os serviços secretos romenos, aconteceu devido a uma campanha de desinformação semelhante às operações que o Kremlin tem levado a cabo na Ucrânia e na Moldova, que teve lugar sobretudo no TikTok, onde Georgescu fez campanha. Aliás, limitou mesmo a sua campanha a esta rede social. A polémica levou então a que o Tribunal Constitucional anulasse o resultado desta eleição.
Agora, frente a frente, estão George Simion, de 38 anos, e Nicosur Dan, de 55. O primeiro surge como favorito, depois de ter vencido a primeira ronda das eleições comm 41% dos votos, contra 21% do seu adversário.
Em luta pelo poder, nestas eleições, estão assim dois candidatos anti-sistema. Simion um candidato de extrema direita e confesso admirador de Donald Trump e Nicosur Dan totalmente pró-Europa e NATO.
Simion é visto como o herdeiro natural dos votos de Georgescu, tendo chegado a prometer-lhe o cargo de primeiro-ministro. Recusou participar em debates e, tal como Georgescu, trabalhou toda a sua campanha nas redes sociais. Promete acabar com a "sensação" que os romenos são uma segunda classe na Europa, por "abastecerem" o Velho Continente com trabalhadores da construção civil, motoristas ou empregadas domésticas. Foi aqui, aliás, nos emigrantes, que recolheu a grande maioria dos seus votos na primeira volta.
É pró-Trump e disse várias vezes durante a sua campanha que a "Roménia nunca será uma amiga do Kremlin e de Putin", apesar de ter vindo a moderar o seu discurso para com a Rússia. É também uma persona non grata nna Ucrânia, pois defende o regresso das fronteiras do país aos anos 1940, o que englobaria território ucraniano e também da Moldávia.
A grande maioria dos líderes europeus, contudo, parece mais inclinado para uma vitória de Nicosur Dan, um nome mais consensual junto a nomes como, por exemplo, Emmanuel Macron. As suas ideias, europeias, também se alinham com as de milhares de romenos que nas últimas semanas têm. saído às ruas a manifestar o seu apoio à Europa e à NATO.
Apesar de ter perdido a primeira ronda, com 20 pontos a menos que Simion, a verdade é que as últimas sondagens apontam para um empate técnico entre candidatos e vários observadores dizem que se a abstenção reduzir as suas oportunidades de vitória crescem.
Refira-se que tanto a UE e a NATO olham com muita atenção para estas eleições, pois na Roménia o Presidente comanda também as relações exteriores e a segurança. A Roménia, refira-se, tem umm papel estratégico na defesa do continente, pois abriga um sistema anti-mísseis e é o principal corredor de escoamento da produção agrícola da Ucrânia.
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