Pedro Passos Coelho, que hoje se reuniu em Dornes, no concelho de Ferreira do Zêzere (distrito de Santarém) com autarcas de cinco concelhos afetados pelos incêndios deste verão, disse não acreditar que a marcação de jogos de futebol no dia das eleições, que não é um facto novo, possa constituir “um problema extraordinário”.

“Tenho os portugueses numa conta bastante mais elevada do que às vezes se parece poder extrair das enormes preocupações que outros políticos vêm trazendo para o espaço público. Tenho a certeza que os portugueses não deixarão de votar”, afirmou, lamentando que as eleições autárquicas “nem sempre mobilizem tanta votação” quanto seria desejável.

Para Passos Coelho, os portugueses “têm já uma maturidade muito grande para saberem o que querem fazer, se querem ir de férias, se querem ir votar, se podem conciliar essas suas escolhas com a própria votação”, não havendo “nada que impeça votar e ir ao futebol”.

Referindo os elevados níveis de abstenção, com concelhos a registarem percentagens superiores a 50% em vários atos eleitorais, o líder social-democrata defendeu que é preciso fazer um “debate diferente”, sobre “como motivar mais os portugueses para que possam participar mais nas eleições”.

“Não creio que este tipo de eventos possa ser responsabilizado por haver mais ou menos abstenção”, frisou.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) marcou quatro jogos para o dia das eleições autárquicas, um domingo, incluindo o 'clássico' Sporting-FC Porto, com início às 18:00.

Além do confronto entre o Sporting e o FC Porto, atualmente, os dois primeiros classificados do campeonato, com início às 18:00 horas, estão também marcados para 01 de outubro os jogos Marítimo-Benfica (20:15), Sporting de Braga-Estoril-Praia (16:00) e Belenenses-Vitória de Guimarães (20:30).

Na terça-feira, contactado pela agência Lusa, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), João Tiago Machado, afirmou que, na reunião plenária realizada nesse dia, a comissão reiterou a posição que havia assumido em setembro de 2015, a propósito da realização de jogos de futebol no fim de semana das eleições legislativas de outubro.

"Não havendo lei que expressamente os proíba, é desaconselhável a realização de eventos desta natureza que, em abstrato, potenciam a abstenção de um número que pode ser significativo de eleitores que, para além dos profissionais envolvidos, se deslocam para fora do local da sua residência habitual", é referido na ata de 08 de setembro de 2015.

Também na terça-feira, numa carta dirigida ao presidente da CNE, a que a agência Lusa teve acesso, a LPFP explica que a realização de quatro jogos no dia das eleições autárquicas está relacionada com a participação das equipas portuguesas nas competições europeias e o jogo seguinte da seleção nacional.