A análise divulgada hoje pelo Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política e pela empresa de consultoria EY conclui que os recursos financeiros do autoproclamado califado foram substancialmente drenados em relação ao período, em meados de 2014, em que capturou bancos, poços de petróleo e armazéns de armas, à medida que conquistava território.
O relatório concluiu que as receitas do Estado Islâmico caíram de 1,9 mil milhões de dólares em 2014 para quase 870 milhões em 2016.
“Um dos erros feitos no passado quando falávamos do Estado Islâmico foi falar sobre ele puramente como uma organização terrorista. É uma organização terrorista mas é mais do que isso. Detém território. Isso também significa que tem muito mais despesas. Tem de arranjar estradas, tem de pagar a professores, tem de gerir serviços de saúde, tem de pagar por estas coisas que a Al-Qaida nunca teve (de pagar)”, disse Peter Neumann, diretor do centro na King's College London.
Menos dinheiro não significa, no entanto, que o grupo seja menos perigoso, diz o relatório.
“Sabemos pelos ataques de Paris e Bruxelas e Berlim que nenhum deles foi caro”, afirma Neumann.
A maioria dos recentes ataques na Europa e Estados Unidos foram autofinanciados pelas pessoas que os executaram, com pouco contributo da liderança do Estado Islâmico nas zonas de guerra da Síria e do Iraque.
Entre as principais fontes de rendimento do Estado Islâmico estavam taxas e impostos, petróleo, resgates, pilhagens e extorsões. Todas essas, aponta Neumann, implicavam novo território de modo a serem sustentáveis e a manterem a promessa do grupo de um califado.
De acordo com uma atualização na sexta-feira da coligação contra o Estado Islâmico, o grupo perdeu 62% do território que controlava no Iraque em agosto de 2014 e 30% do seu território na Síria.
Um responsável da defesa norte-americana disse que o Estado Islâmico tem dinheiro suficiente para pagar as suas contas, apesar do facto de ter perdido fontes de rendimento e ter reduzido aquilo que paga aos soldados. O mesmo responsável, que falou sob condição de anonimato, afirmou que os Estados Unidos não verificam que os danos à situação financeira do grupo sejam de tal extensão que degradem a sua capacidade de realizar ataques externos.
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