A maioria dos utilizadores das redes sociais não lhe prestou muita atenção, por considerarem que não era muito credível, noticia hoje a agência EFE, que cita meios de comunicação social norte-americanos, como o Washington Post, Fox News e CNN, que publicaram hoje testemunhos de dezenas de utilizadores das redes sociais, especialmente do site de vídeo ao vivo Yubo, que descreveram Salvador Ramos, de 18 anos, como sendo habitualmente agressivo e ameaçador, especialmente em relação às mulheres.
Todas as testemunhas citadas são adolescentes, o público principal do Yubo, e explicaram que alguns utilizadores da rede social já se referiam brincando a Ramos antes do incidente como “o agressor escolar de Yubo”, devido à sua postura e comentários violentos.
No entanto, muitos utilizadores da Internet optaram por não o denunciar, considerando que as suas palavras não estavam muito em desacordo com as de outros utilizadores adolescentes nas redes e, portanto, não o consideravam muito credível.
Embora alguns utilizadores tenham alertado o Yubo para as ameaças de Ramos, a sua conta permaneceu aberta. O Yubo tem cerca de 60 milhões de utilizadores em todo o mundo, quase todos com menos de 25 anos de idade, e muitos deles são adolescentes.
Na terça-feira, no dia do tiroteio, Ramos enviou uma mensagem privada a um dos seus contactos no Facebook, avisando-o de que ia disparar contra a sua avó, outro mais tarde explicando que já o tinha feito, e um terceiro anunciando que ia disparar contra uma escola.
Entretanto, vários meios de comunicação social norte-americanos identificaram hoje Pedro “Pete” Arredondo como o chefe da polícia do Distrito Escolar de Uvalde, no Texas, cuja decisão de adiar por quase uma hora a entrada de agentes na sala de aula do tiroteio foi considerada pelas autoridades como uma “decisão incorreta”.
Tanto a CNN como a Fox News disseram que o “agente policial responsável” que o Departamento de Segurança Pública do Texas acusou na sexta-feira de tomar a decisão de não entrar na sala de aula é Arredondo.
O chefe da polícia do Distrito Escolar serviu como porta-voz da investigação aos meios de comunicação social durante algumas horas logo após o massacre de terça-feira, que provocou a morte de 19 estudantes e de dois professores.
Na sexta-feira, o director do Departamento de Segurança Pública do Texas, Steven McCraw, reconheceu que não arrombar a porta e esperar que o zelador chegasse com a chave foi a “decisão errada” e culpou o chefe da polícia do Distrito Escolar, sem, no entanto, o nomear.
Segundo McCraw, depois de ter ouvido vários tiros na sala de aula e de os tiros só terem sido apontados à porta quando os oficiais tentavam obter acesso, o chefe interpretou que não restava ninguém vivo dentro, exceto o agressor.
Esta interpretação levou-o a decidir mudar o protocolo de “agressor ativo” para “suspeito barricado”, pelo que em vez de arrombar a porta e forçar a sua entrada, expondo os seus agentes aos tiros do agressor, optou por esperar pela chave e reforços com equipamento apropriado.
O chefe da polícia “sentiu que havia tempo e que não havia mais crianças em perigo. Obviamente, havia, e o atacante ainda estava ativo. Foi uma decisão errada e não há desculpa para isso”, reconheceu McCraw.
Todas as 21 vítimas mortais no tiroteio estavam na mesma sala de aula, mas quando a polícia teve acesso ao local, também ali encontraram crianças vivas.
Foram mesmo feitas chamadas à polícia a partir de dentro da sala de aula por estudantes.
Durante a hora em que a polícia esperou por reforços e não tentou entrar na sala de aula à força, havia 19 agentes na escola.
Depois de entrar na sala de aula, Salvador Ramos trancou a porta por dentro e disparou indiscriminadamente contra os alunos e professores.
A ação da polícia tem sido alvo de numerosas críticas por parte das famílias e do público em geral nas redes sociais e na comunicação social, que acreditam que as forças de segurança poderiam ter agido mais rapidamente.
Ainda na sexta-feira, o governador do Texas, Greg Abbott, republicano, disse que deve ser assegurada uma “investigação exaustiva” da resposta da polícia ao tiroteio.
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