“O Ministério Público encaminhou aos tribunais 468 processos criminais abertos contra 531 pessoas vinculadas a manifestações ilegais e ações que violam gravemente a ordem pública”, afirmou a entidade num comunicado, no qual especificou que “já foram condenadas mais de 400 pessoas”.
De acordo com o Ministério Público da Bielorrússia, também foram abertos processos criminais por “ações violentas ou ameaças” contra polícias, por “ofensas” à polícia, por “danos a bens estrangeiros com inscrições”, por vandalismo e por “ofensas contra símbolos nacionais”.
Os polícias foram instruídos “para a rápida identificação dos cidadãos que cometeram essas violações da lei e dos crimes” com a ajuda de equipamentos informatizados e automatizados.
Até agora, a pena mais severa imposta no âmbito da repressão aos protestos foi de 10 anos de prisão, segundo defensores dos direitos humanos da Bielorrússia.
No mês passado, Mikita Zalatarou, de 16 anos, que sofre de epilepsia, foi condenada a cinco anos num centro juvenil por participar nos “motins”. A organização de direitos humanos Viasna disse que a jovem é uma presa política.
A Bielorrússia tem sido palco de manifestações pacíficas desde as últimas eleições presidenciais, nas quais o Presidente Alexander Lukashenko foi declarado vencedor com 81% dos votos, resultado não reconhecido pela oposição.
As autoridades bielorrussas reprimiram violentamente os protestos e prenderam ou obrigaram ao exílio os principais líderes do movimento de oposição.
Lukashenko, que lidera o país há mais de um quarto de século, deu início a um processo de reforma constitucional para reprimir as manifestações antigovernamentais que exigem a sua renúncia há sete meses.
Os líderes da oposição bielorrussa rejeitaram antecipadamente a proposta de Lukashenko de reforma constitucional e criaram como alternativa a sua própria comissão constitucional, entre as quais as propostas são conceder maiores prerrogativas ao Parlamento e introduzir um sistema eleitoral misto.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos têm saído às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
A principal figura da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, reivindica a vitória nas presidenciais e acusa o Governo de fraude eleitoral.
A UE não reconhece os resultados das eleições bielorrussas de agosto e o Conselho Europeu decidiu prorrogar até fevereiro de 2022 as sanções aplicadas aos apoiantes do regime de Lukashenko.
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