Um dispositivo com mais de 2.300 profissionais vai receber e prestar os primeiros cuidados, essencialmente de saúde, aos migrantes, depois de o Governo espanhol se ter oferecido para os acolher na sequência da recusa de Itália e Malta de deixarem atracar o Aquarius, que pertence a uma organização humanitária.
As autoridades italianas permitiram, no entanto, que dois navios da sua Marinha ajudassem a transportar os refugiados, juntamente com o Aquarius.
Os três navios entraram hoje em águas espanholas pelo arquipélago das Baleares e chegam a Valência escalonadamente às 06:00, 09:00 e 12:00 locais (menos uma hora em Lisboa), de acordo com as previsões mais recentes.
A Espanha anunciou hoje que a França vai cooperar no acolhimento de migrantes que manifestem a sua vontade de ir para esse país “uma vez cumpridos todos os protocolos estabelecidos pelo procedimento de acolhimento”.
Nas últimas horas, o mar acalmou depois de vários dias de forte vento e ondulação, que obrigaram as embarcações a desviarem a sua rota.
Uma vez em Valência, os migrantes vão desembarcar em grupos de 20 para uma primeira avaliação médica, anunciou hoje um responsável do governo regional.
A intenção é que estas pessoas, incluindo uma centena de crianças e mulheres grávidas, passem no porto de Valência o menor tempo possível e sejam transferidas para os locais de acolhimento previstos, sem estes que sejam divulgados.
As pessoas que não precisem de cuidados médicos passam para uma zona de espera para um primeiro apoio psicológico da Cruz Vermelha.
No conjunto, o dispositivo da operação é formado por mil voluntários da Cruz Vermelha, mais de 450 tradutores, 150 membros do departamento sanitário do governo regional, 15 profissionais de saúde externos e cerca de 600 agentes de segurança.
O ministro do Fomento espanhol, José Luis Ábalos, assegurou hoje que os migrantes terão uma autorização especial de um mês em Espanha, sendo a partir de então tratados de acordo com a lei, sem exceções.
“Isto não é um problema de imigração, mas de enfrentar uma situação em que tinha de se decidir entre salvar pessoas ou deixá-las morrer. Apenas isso”, explicou.
Por sua vez, o diretor dos Médicos Sem Fronteiras em Espanha, Daniel Noguera, pediu que se respeite o estatuto de refugiado para os 629 migrantes e que todos “tenham direito a apresentar o seu caso”.
“Muitas pessoas que vêm nesta viagem sofreram diretamente violência ou extorsão e praticamente todas foram testemunhas diretas de situações deste tipo”, argumentou.
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