“Foi uma oportunidade perdida. Havia argumentação científica e técnica que permitia que o título não se atribuísse”, afirmou Francisco Ferreira, que é professor universitário e lidera a associação ambientalista Zero.

O especialista lamentou ainda que a Zero não tenha tido acesso ao relatório final da consulta pública da atribuição desta licença, dizendo que não encontra outra justificação que não seja “a falta de transparência”.

“Sabemos que houve mais de 40.000 participações negativas, pela contabilização que fizemos na altura junto de algumas associações. É normal haver um relatório da consulta pública e só não percebemos porque não foi disponibilizado”, afirmou.

Na terça-feira, em declarações à Lusa em Londres, o presidente executivo da Galp Energia, Carlos Gomes da Silva, não excluiu a hipótese de poder avançar ainda este ano o primeiro poço exploratório de petróleo na costa alentejana, a cerca de 80 quilómetros de Sines.

"Abril a maio é uma janela de oportunidade que não se pode perder", disse, acrescentando que pode ser "um qualquer abril de um qualquer ano", quando questionado pelos jornalistas sobre a hipótese de a pesquisa de petróleo na costa alentejana avançar em 2017.

O presidente da Galp Energia afirmou que "a operação será feita quando todas as condições estiverem reunidas, se forem compatíveis com a janela de período de tempo com condições do mar", escusando-se a dar uma nova data.

Questionado sobre as consequências de o processo poder voltar atrás, Francisco Ferreira lembrou os custos elevados: “ a prospeção vai custar 60 milhões, um milhão por dia durante dois meses. Se o Estado, mais tarde, resolver voltar atrás os custos acrescidos de denúncia contrato sem mais argumentos serão sempre os custos de todo o processo, mais os 60 milhões”.

“Numa indústria destas, nenhuma petrolífera vai disponibilizar o que quer seja sobre o que descobriu ou não descobriu. São dados altamente valiosos do ponto de vista comercial e em termos de confidencialidade não há que haver ilusões”, afirmou, sublinhando que o Estado teria resolvido melhor o assunto não atribuindo a licença.