“Aquilo que ficou provado é que as espécies como Caié Branco e Pato Marinho, de facto, desapareceram de algumas colónias [de aves marinhas], que habitavam rochas mais perto da ilha do Príncipe, e em zonas mais acessíveis”, disse o biólogo português Nuno Barros, responsável pelo estudo, durante a apresentação da pesquisa encomendada pela Fundação Príncipe Trust, na cidade de Santo António.

O investigador Nuno Barros, especialista em aves, disse que as espécies estão a desaparecer devido a capturas, particularmente em zonas de maior acesso dos pescadores, e alertou para a importância da região na preservação das espécies, no Atlântico Sul.

Eram conhecidas zonas em que, “há 20 anos, essas aves procriavam”, disse o investigador português. “Estamos a falar de Mosteiros e Pedra Galé, onde, de facto, [as aves] desapareceram”.

“Há relatos de captura e essas colónias podem ter desaparecido por causa de capturas”, acrescentou.

Para o investigador, noutras áreas de Príncipe nota-se igualmente “uma diminuição” das espécies, nomeadamente na região das Tinhosas, onde “o desembarque dos pescadores parece exercer alguma pressão sobre os patos marinhos”.

O autor do estudo sublinhou que “medidas de proteção precisam de ser tomadas, para que as espécies sobrevivam”.

“Estamos a falar das Ilhas Tinhosas, que são um sítio onde 30% da população [de pássaros] do Atlântico Sul procria. As Ilhas Tinhosas são a colónia mais importante de aves marinhas do Atlântico Este Tropical”, explicou Nuno Barros.

O investigador enumerou ainda Boné de Jóquei, Pedra Galé, Mosteiros e Ilhas Tinhosas – ilhéus rochosos da ilha do Príncipe -, como sendo o “grande ex-líbris” das aves marinhas da Região Autónoma do Príncipe.

O estudo efetuado pelo especialista português foi apresentado num ato público em que participou o presidente do governo regional, José Cassandra, que prometeu submeter ao parlamento local o projeto de Lei para transformar “a zona das Tinhosas numa zona de reserva” protegida.