Em 25 de abril de 1998, a rutura do dique de uma barragem de resíduos desta mina a céu aberto provocou o derrame num rio próximo de mais de cinco milhões de metros cúbicos de lama contaminada com metais pesados, como arsénio, cádmio e mercúrio.

Dezenas de toneladas de peixes morreram e cerca de 5.000 hectares dos arredores ficaram contaminados por estes resíduos, que chegaram a afetar o parque nacional de Doñana, uma joia da biodiversidade, reconhecida pela Unesco.

O julgamento, que agora se realiza num tribunal civil de Sevilha, acontece após anos de processos judiciais criminais que terminaram em 2002 com o arquivamento das ações apresentadas contra o grupo sueco.

O grupo Boliden sempre negou responsabilidade no acidente e culpou uma filial da empreiteira espanhola Dragados, que construiu a represa. "Assumimos uma grande responsabilidade na limpeza do acidente e, consequentemente, a ação deveria ser arquivada", disse um porta-voz da empresa sueca à AFP.

Este desastre ambiental foi o segundo pior registado em Espanha, depois da maré negra provocada pelo petroleiro "Prestige", em 2002.

A região da Andaluzia, onde fica Aznalcóllar, decidiu interpor uma ação civil em 2002, depois de terem sido desconsideradas as denúncias penais apresentadas pelos vários departamentos, pelo governo espanhol e ONGs como a Ecologistas en Acción.

A Boliden apresentou, então, uma série de recursos e só em 2012 o Tribunal Supremo se pronunciou, ordenando o reinício da investigação, que desde então foi bloqueada por novos recursos da empresa.

As autoridades regionais da Andaluzia manifestaram, em nota, o desejo de "que seja feita justiça sobre um dos maiores desastres ecológicos que a Europa conheceu", e pedem 89 milhões de euros  da multinacional sueca - valor que custou a limpeza da área.

No âmbito administrativo, em agosto de 2002, a empresa foi multada em mais de 45 milhões de euros pelo governo espanhol - um valor que a companhia se recusou a pagar pela ausência de uma condenação judicial.