"Este é o carnaval da resistência", "A minha mãe não gosta de ti, e ela gosta de todo o mundo [numa referência ao tema Love Yourself de Justin Bieber ]". Estas eram algumas das frases que se podiam ler nor cartazes das passeatas de protesto na capital britânica, onde Trump aterrou ontem, com encontros marcados com Theresa May e a Rainha Isabel II.
"Não a Trump, não ao Ku Kux Klan, não aos EUA fascistas!", gritavam os manifestantes ao avançarem pela Oxford Street, com destino a Trafalgar Square, no coração de Londres.
No meio da multidão, batiam-se panelas, tocavam-se trompetas, e eram vários os balões cor de laranja com o lema "STOP Trump". A destacar-se, porém, esteve um balão gigante do "Baby Trump", figura satírica que tem uma inclusivamente uma conta de Twitter desde janeiro deste ano.
O balão de Trump em fraldas flutuou perto do Parlamento, iniciativa que recebeu a luz verde do mayor de Londres, Labor Sadiq Khan, alvo de muitos ataques verbais do presidente norte-americano. Daí aos memes, foi um salto.
A manifestação londrina dividiu-se em duas passeatas e é o constitui o ponto alto do movimento de protesto contra a visita de Donald Trump ao Reino Unido.
Uma visita de Trump ao Reino Unido era esperada há mais de um ano, depois de a primeira-ministra britânica, Theresa May, ter sido a primeira dirigente estrangeira a ser recebida pelo Presidente norte-americano após a sua tomada de posse, em janeiro de 2017. Na ocasião, May convidou Trump a fazer uma visita de Estado ao Reino Unido, suscitando polémica no país de Sua Majestade, onde muitos advertiram que Trump seria alvo de protestos maciços. Apesar do interregno, foi o que se veio a verificar.
"Donald Trump é misógino, machista, homofóbico, xenófobo, promove a intolerância... e tem mãos pequenas!", disse uma manifestante à AFP, Georgina Rose, de 42 anos, que participava hoje na marcha das mulheres.
Grant White, de 32 anos, apresentou-se na passeata com uma faixa com Trump a tomar as vezes do pássaro do logotipo do Twitter, e com uma suástica sobre a asa. A rede social é o meio de comunicação de eleição do presidente norte-americano. "Sou antiBrexit, antiTrump. Há uma onda de fascismo da qual temos que nos libertar", disse.
Em frente do número 10 de Downing Street, residência oficial da primeira-ministra britânica, os manifestantes aumentaram o som dos protestos: "Vergonha!", gritavam.
Dawn, de 49 anos, veio com sua filha de 11 anos, Sadie. "Trump é o homem com o maior ego do mundo e está à frente da maior potência mundial. Ele não tem ideia do que o mundo precisa", considerou esta mãe de família. "Ele não aceita as pessoas que têm uma religião diferente", acrescentou a filha.
Cerca de vinte artistas drag queen participaram também da passeata, incluindo Joey "Bourgeoisie" Frenette, de 27 anos, natural de Washington e que se fixou no Reino Unido há oito anos. "Acho que ele incorpora uma representação particularmente negativa do que a América dá ao mundo", disse.
E sobre o saítiro balão? "Como americano, acho ótimo. É uma maneira pacífica de protestar", comentou Brett Kirchner, de 25 anos, da Carolina do Norte, na costa leste dos Estados Unidos. Mesmo se, como o próprio assumiu, "haverá pessoas nos Estados Unidos que ficarão irritadas com este protesto, por considerarem tratar-se de um insulto".
"Eu acho hilariante", diz, por sua vez Paul Fonseca, de 23 anos. "É uma representação exata da sua política, que é tão imatura".
*Reportagem de Joe Jackson e Joséphine Gruwe-Court/AFP
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