Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Praças, Luís Reis, afirmou que a associação tem sido contactada nas últimas semanas por militares descontentes com os “baixos salários” face à “sobrecarga horária” e condições de habitabilidade e alimentação nas unidades.

O fim do pagamento do subsídio de Natal em duodécimos traduziu-se em menos salário ao fim do mês, o que terá apanhado desprevenidos muitos militares que já foram contratados a receber o salário mensal com o duodécimo incluído, admitiu.

“Estes militares estão a perceber que estão mal pagos para o serviço que fazem, pela enorme carga horária que tem. Querem melhores condições remuneratórias e de habitabilidade”, disse Luís Reis.

“Líquidos, estamos a ganhar por mês menos do que o salário mínimo”, (SMN mensal bruto de 580 euros em 2018) afirmou um jovem militar, praça do Exército, em regime de contrato numa unidade na zona centro do país.

A receber por mês cerca de 561 euros líquidos segundo o recibo de vencimento de janeiro que mostrou à Lusa, o militar, a residir em Lisboa, admitiu que o fim dos duodécimos “teve muito impacto” na vida familiar.

“Ganhamos mal, pouco”, disse o militar, frisando que terá de optar por não ir a casa, a 300 km, todos os fins de semana.

Outro militar, que está a quatro meses de terminar o contrato de dois anos, disse que não quer renovar a prestação de serviço e desabafou que “o orgulho na farda não põe comida na mesa”.

O militar irá receber “30 euros a menos” por mês, o que “para quem ganha mal, é uma grande diferença”, disse.

Os dois militares referiram à Lusa que foi criado um grupo fechado na rede social ‘Facebook’ que já reúne “mais de 6700 militares” que vão publicando fotografias que retratam as “más condições” quer de alimentação, quer de habitabilidade em várias unidades.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação de Praças demarcou-se da iniciativa, confirmando no entanto que desde há três semanas se intensificou “um forte descontentamento e mal-estar” entre as praças, em especial do Exército, que tem uma progressão na carreira “mais difícil” do que nos outros ramos.

“Se pudessem meter o papel para se irem embora amanhã sem serem penalizados iam-se todos embora”, considerou Luís Reis.

Segundo o responsável, a direção da Associação irá iniciar uma ronda de contactos e visitas a algumas das unidades do Exército para avaliar nos locais os motivos de insatisfação das praças.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.