De máscara, e mantendo a distância uns dos outros, os 248 caloiros de medicina da Universidade do Porto (U. Porto) prepararam-se para entrar no estádio ao ritmo de pandeiretas, violas e cânticos da tuna feminina.
Com um momento de fado e espaço para fotografias ao grupo de novatos, a receção tornou-se num “acontecimento memorável”, classificou Altamiro da Costa Pereira, diretor da faculdade, destacando, em declarações à Lusa, o “momento de proximidade”.
Inicialmente, a receção aos novos estudantes estava preparada para ser feita à distância, mas rapidamente a direção da faculdade se apercebeu que “seria melhor” fazê-la de forma presencial e “segura”, explicou à Lusa Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP.
A decisão agradou particularmente aos alunos.
Ana Luísa e Sara Barbosa, ambas de nacionalidade brasileira, há muito que faziam “figas” para que o encontro acontecesse, tal era a ansiedade para “conhecer os colegas”.
“Era importante conhecermos quem nos vai acompanhar ao longo deste percurso”, salientaram as jovens de 18 e 19 anos, que vão ficar pelo Porto pelo menos nos próximos seis anos.
Rafael Torres, de 20 anos, também de nacionalidade brasileira, começou este ano a estudar na cidade do Porto.
O jovem quis impedir que a pandemia da covid-19 lhe “condicionasse os planos” e conseguiu cumprir o seu grande objetivo: entrar na FMUP.
Ainda que estejam suspensas as atividades de interação entre estudantes, como é o caso da praxe, o aluno acredita que “nada vai atrapalhar os estudantes de se relacionarem”, nem que seja necessário recorrer a plataformas tecnológicas.
Se, no exterior do estádio, os estudantes passaram com distinção no cumprimento do distanciamento social, no interior não foi diferente.
Sentados na bancada que já não recebia público desde 29 de fevereiro, mantiveram uma distância de dois metros entre si.
“Só os fortes resistem” e “Só os fracos desistem” foram algumas mensagens que se liam em faixas colocadas nas bancadas do estádio onde os caloiros se abrigavam do sol com guarda-chuvas amarelos (cor do curso de Medicina).
Já no relvado, a diretora do mestrado integrado em Medicina, Dulce Madeira, lançava um repto aos estudantes, a partir de um texto do autor e cantor Sérgio Godinho: “De uma escolha se faz o desafio”.
Mesmo que a covid-19 tenha vindo desafiar as estruturas clínicas e os seus profissionais, não derrubou os sonhos de Marta Ribeiro, de 18 anos, e Francisca Soares, de 17.
“Não hesitei um segundo na hora de escolher o curso”, salientou Marta, deixando-se interromper pela colega Francisca, de acordo com quem a pandemia lhes deu “mais vontade ainda de ser médicas”.
Entretanto, no relvado, prosseguiam os incentivos: “Vão ser estudantes de medicina dentro e fora de campo. Somos todos uma equipa e o intuito é marcarmos golo”, referia o presidente da Associação de Estudantes, Nuno Ferreira.
“Sejam agentes de saúde pública”, apelava a professora Isaura Tavares, enquanto o Dux Medicus Facultis, João Freitas, deixava uma mensagem de esperança àqueles que ambicionam um dia vestir o traje da academia.
Considerando que o ser humano está “sistematicamente em processo de mudança”, Altamiro da Costa Pereira lembrou aos novos estudantes a “responsabilidade que têm em fazer parte de uma casa com a tradição da FMUP”.
“Sejam bem-vindos ao primeiro ano do resto das vossas vidas”, salientou, no relvado, enquanto os estudantes fechavam os guarda-chuvas, preparando-se para abandonar o recinto.
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