"Moçambique entrou numa situação que implica que só em circunstâncias muito especiais terá acesso a financiamentos públicos, mas essa limitação não se aplica ao investimento privado", disse Paulo Pedroso, em declarações à Lusa.
"Essa limitação [de financiamento internacional] não se aplica ao investimento privado, portanto a componente de apoio ao investimento privado não é afetada, é só os empréstimos ou garantias ao setor público", acrescentou o administrador executivo suplente do Banco Mundial.
Moçambique, continuou, não é exceção e está num grupo de países cujo nível de endividamento é considerado insustentável, o que por si só excluiria o país da lista de beneficiários de financiamento multilateral, mas para além disso o país enfrentou também uma proibição depois de ter sido divulgado que tinha avalizado 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos contraídos por duas empresas públicas à margem das contas oficiais e dos doadores.
"É por isso [por estar acima do limite de endividamento sustentável] que a Sociedade Financeira Internacional [International Finance Corporation - IFC, na sigla em inglês] foi chamada a intervir, e Moçambique é hoje o país lusófono onde o IFC tem mais presença", concluiu Paulo Pedroso.
O IFC é uma das cinco instituições do Grupo Banco Mundial para ajuda ao desenvolvimento: o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento dedica-se a ajuda os países de rendimento médio, e a Associação Internacional de Desenvolvimento está mais focada nos países de menor desenvolvimento, sendo que ambas estão vocacionadas para apoiar os Estados.
Depois, há duas instituições de estímulo ao setor privado: a MIGA, centrada nas garantias ao investimento, e a Sociedade Financeira Internacional, focada no apoio aos investimentos privados.
Por último, para além do Banco Mundial propriamente dito, há ainda o Tribunal Internacional para os Conflitos de Investimentos.
No último ano fiscal, de julho de 2016 a junho de 2017, o IFC emprestou cerca de 20 mil milhões de dólares a nível mundial, com a carteira de investimentos em África a ter subido de 10% para 30% do total mundial.
Em abril, o GBM viu o seu capital social aumentado e o seu mandado reforçado na componente de investimentos em países mais arriscados, o que significa que há mais disponibilidade financeira e política para investir nos países africanos, num montante que pode ir de 7 a 10 mil milhões este ano.
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