O jornal dinamarquês "Jyllands Posten" recusou nesta terça-feira, 28 de janeiro, pedir desculpas à China pela publicação de um cartoon sobre o coronavírus, o que provocou a ira da embaixada da China em Copenhaga.

Publicado na segunda-feira nas páginas do jornal escandinavo e assinada por Niels Bo Bojesen, o cartoon mostra uma bandeira chinesa e, no lugar das tradicionais estrelas amarelas, há desenhos do novo coronavírus.

Na sua página online, a embaixada da China na Dinamarca classificou o cartoon de "insulto à China" e disse que este "fere o povo chinês".

Segundo as autoridades chinesas em Copenhaga, o desenho superou o "limite ético da liberdade de expressão". A embaixada exigiu ao jornal e ao cartoonista "um pedido de desculpas público ao povo chinês" — o que a publicação recusa.

"Não podemos desculpar-nos por algo que não achamos que está errado. Não temos a intenção de humilhar, nem de brincar, e não acreditamos que o desenho tenha essa intenção", justificou hoje o editor do jornal, Jacob Nybroe.

A China elevou para 106 mortos e mais de 4.000 infetados o balanço do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).

As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.

As autoridades de saúde confirmaram entretanto hoje a existência de dois casos, um na Alemanha e outro no Japão, de doentes com coronovírus que não estiveram na China, tendo sido infetados nos seus países por doentes que estiveram em Wuhan.

Alguns países, como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha e Portugal, estão a preparar com as autoridades chinesas a retirada dos seus cidadãos de Wuhan, onde também se encontram duas dezenas de portugueses.

O Governo português já anunciou que quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan.

Os portugueses a retirar de Wuhan serão avaliados à chegada a Portugal para determinar o risco de exposição ao novo coronavírus e só depois serão tomadas eventuais medidas de isolamento social, explicou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Portugal já fez acionar os dispositivos de saúde pública devido ao coronavírus proveniente da China e tem em alerta o Hospital de São João, no Porto, o Curry Cabral e Estefânia, em Lisboa.