Os locais de peregrinação na Terra Santa estão vazios. A guerra continua, os peregrinos não cruzam fronteiras. Por isso, muitas pessoas ficaram sem grande parte dos seus rendimentos. As famílias cristãs de Belém são um desses casos, já que as vendas de artesanato são uma fatia substancial do que ganham.
Como tem sido hábito há alguns anos, estas peças saíram da Terra Santa e chegaram a Lisboa: estão expostas para venda perto da Basílica dos Mártires, no Chiado. A entrada é algo escondida, faz-se pelo n.º 10 da Rua Anchieta, na esquina com a Bertrand, mas desvenda toda um panóplia de figuras. Há presépios de várias formas, santos, anjos e outras peças de simbolismo religioso, não só em madeira como em madrepérola.
É Nicolas Ghobar, um palestiniano cristão de Belém, que coordena as vendas. Guia turístico na Terra Santa, tem agora o seu trabalho em suspenso e esta é uma forma de ajudar quem ficou por lá.
"Estes são artigo feitos por mais de 37 famílias cristãs de Belém. Esta é a forma que têm de viver, a fazer artigos religiosos para os peregrinos que vão visitar o lugar do nascimento de Jesus. Com esta situação da guerra que já leva um ano e, anteriormente, da Covid-19, a vida tornou-se bem difícil", começa por contar ao SAPO24.
"Está a haver muita emigração, fome, não há trabalho, nem ajuda ou liberdade. Por isso, esta venda é uma forma de manter viva a presença dos cristãos e de ajudá-los na compra básica de produtos, bem como a pagarem dívidas ou até a luz e outras coisas até que a situação melhore", explica. "Não temos peregrinos nem outra forma de viver".
Para que estas peças cheguem a mais gente, este ano a venda conta com uma maior presença nas redes sociais: foram criadas páginas no Instagram, Facebook e TikTok para divulgar o artesanato de Belém.
Com o nome "Estrela de Belém - Artesanato da Terra Santa", esta é uma forma de recordar a história e olhar para o futuro. "O nome surgiu porque a estrela foi a luz que levou os Reis Magos e os pastores a Jesus, que é a esperança e a salvação. E estas famílias em dificuldade precisam também de esperança, já que o artesanato é o que lhes resta para sobreviver", remata.
A venda destes produtos mantém-se em Lisboa até ao Natal, de portas abertas todos os dias da semana, entre as 10h00 e as 19h00.
Comentários