Em declarações à agência Lusa, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, confirmou que a visita àquela unidade do Porto está marcada para quarta-feira de manhã.
A falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas foi denunciada por pais de crianças doentes que são atendidas em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho', para onde as crianças são encaminhadas quando têm de ser internadas no Centro Hospitalar de São João, concelho do Porto.
Com a visita ao hospital, o bastonário da Ordem dos Médicos afirma que pretende "verificar no local os problemas" e "esclarecer algumas questões que têm sido suscitadas", além de "estar junto dos doentes e dos médicos".
"A questão tem-se centrado sobretudo nos doentes oncológicos, e é uma questão importantíssima, mas há outras crianças internadas sem condições de dignidade”, afirmou Miguel Guimarães à Lusa.
Para o bastonário, o caso da ala pediátrica do São João "não pode morrer até à situação estar resolvida".
"É um exemplo entre as centenas de situações de dificuldade que existem no Serviço Nacional de Saúde", disse.
Hoje, em declarações aos jornalistas, o ministro da Saúde estimou que dentro de duas semanas estejam desbloqueados os procedimentos para fazer avançar a construção da nova ala pediátrica do hospital, lembrando que o dinheiro “está disponível”.
Adalberto Campos Fernandes assumiu que, do ponto de vista político, “não há mais tempo nem mais espaço para conversa que não seja autorizar a obra [da nova ala pediátrica], lançar o procedimento e executá-lo no mais curto espaço de tempo possível”.
Campos Fernandes salientou que a questão da ala pediátrica do São João se arrasta há dez anos, vincando ainda que a situação é “social e eticamente inaceitável”.
“Não há ninguém que sinta mais incómodo e mais sentido de injustiça do que o ministro da Saúde e o Governo pela situação que há dez anos se arrasta na ala pediátrica e que tem contornos que importará esclarecer, mas importa muito mais resolver”, declarou.
Para o ministro “importa rapidamente resolver” o problema que é “social e eticamente inaceitável”.
“O que importa é criar condições para que, até que a obra esteja concretizada, nesse tempo seja tudo feito [para melhorar as condições], seja tudo minorado”, afirmou o ministro, acrescentando que, se existe um pavilhão, “que esse pavilhão esteja bem conservado” e, se houver possibilidade de acomodar as crianças noutro local, “que sejam acomodadas”.
Contudo, lembrou que estas são “matérias de natureza operacional”, considerando também que a situação “tem contornos que importará esclarecer”.
Aliás, o ministro anunciou que pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para intervir na questão da ala pediátrica do São João e esclarecer se a situação das crianças ali seguidas podia ter sido evitada.
“Pedi à IGAS que procurasse aferir se houve algo que pudesse ter sido feito que não tenha sido feito”, afirmou Campos Fernandes, acrescentando que o país foi confrontado “com afirmações dos pais e do presidente do hospital de São João que importa esclarecer” em nome do interesse público.
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