À margem de uma visita à Escola Secundária Ferreira Dias, no Cacém, concelho de Sintra, Catarina Martins foi questionada sobre a posição do BE no debate da apreciação parlamentar que o PCP requereu em relação à municipalização da Carris, não tendo os comunistas ainda decidido se apresentam propostas de alteração ou se avançam simplesmente para a revogação do diploma do Governo socialista.

"Eu não sei qual é a proposta. Nós não apoiaremos a cessação de vigência do decreto-lei, se ela for proposta, mas apoiaremos sim alterações ao decreto-lei no sentido de os vários municípios que são servidos pela Carris estarem incluídos no modelo de gestão da Carris e não apenas o município de Lisboa", disse aos jornalistas.

A líder do BE assegurou que os bloquistas vão apresentar propostas próprias sobre esta matéria, lembrando que o partido sugere há muitos anos uma gestão intermunicipal dos transportes coletivos.

"Se o Governo tivesse conversado com os vários partidos antes de ter avançado, este processo poderia correr de uma forma mais proveitosa", sustentou, apesar de garantir que "o partido não quer voltar ao que existia anteriormente" já que "era um mau modelo".

Para Catarina Martins, "foi bom ter-se acabado com a privatização" porque a "Carris deve ser gerida pelos municípios" que dela precisam, porque "não tem nenhum sentido que os concelhos que são servidos por transportes coletivos não tenham uma palavra a dizer sobre esses transportes".

"O BE proporá alterações no sentido de um modelo de gestão em que as várias autarquias que são servidas pela Carris tenham uma palavra a dizer sobre a gestão", anunciou, recordando que "Lisboa não é o único município servido pela Carris".

O presidente da Câmara de Lisboa considerou na segunda-feira que a apreciação parlamentar do diploma que transfere a Carris para o município, requerida pelo PCP, é "só um debate, um diálogo", que será travado com confiança e convergência entre parceiros.

A Câmara de Lisboa assume na quarta-feira a gestão da rodoviária Carris, 41 anos depois de a "ter perdido" para o Estado, num processo envolto em polémica, depois de o PCP ter pedido a sua apreciação parlamentar.

Catarina Martins foi ainda questionada pelos jornalistas sobre a notícia avançada hoje pelo Público segundo a qual o BE quer o Parlamento a condenar políticas anti-imigração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"A posição do BE, julgo que não espanta ninguém. Espantaria se houvesse silêncio no nosso país em relação a uma política xenófoba, de guerra, de excluir cidadãos, seja por motivos religiosos ou outros quaisquer, e todas as pessoas que acreditam em coisas tão básicas como direitos humanos terão que ter posição sobre isso e o parlamento também terá. Julgo que terei oportunidade de falar sobre isso durante esta semana", concluiu.