“Toda a pressão de Trump e Bolsonaro para um novo presidente, toda a pressão da China e da Rússia para a manutenção de Maduro fazem parte de ingerências externas que nos fazem temer novamente que a Venezuela não tenha o futuro definido soberanamente pelo seu povo, mas sim por vontades externas que, de forma indevida, ingerem na definição desse futuro”, condenou, em declarações à agência Lusa, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, sobre a situação atual da Venezuela.
Para o BE, trata-se de “uma escolha viciada porque é uma escolha entre dois presidentes que não têm legitimidade democrática e ela não radica na necessidade fundamental que o povo venezuelano tem, que é a de ter uma saída política capaz de assegurar uma mediação até essas eleições”.
Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
Questionado sobre a posição assumida pelo Governo português, Pedro Filipe Soares afirmou que “existe uma necessidade por parte do governo português de acautelar que todos os canais de comunicação com as duas partes estão abertos porque só assim é que se garante a manutenção da salvaguarda dos interesses da comunidade portuguesa”.
“Desse ponto de vista o Governo tentou ter uma posição mais ou menos equidistante, o que nos parece de alguma sensatez. Não reconheceu o presidente que se diz interino, mas reconhece que o regime de Maduro tem necessariamente que dar origem a um processo que leve a eleições. Desse ponto de vista parece-nos uma posição sensata”, elogiou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, reafirmou hoje a necessidade de eleições livres para resolver o impasse político na Venezuela e lamentou a existência de mortos nos protestos no país.
“Em concreto, sobre a situação que existe na Venezuela, nós já há muito tempo que tínhamos alertado para a necessidade de haver uma saída política para a situação existente. Essa saída política é a definição de um caminho até umas eleições livres, participadas e democráticas, que só assim aferirá a vontade do povo venezuelano para o seu futuro”, lembrou.
Esta afirmação do BE, segundo o seu líder parlamentar, “tem sido repetida mesmo que aqueles que são apoiantes de Maduro não gostem”.
“Nós consideramos que a escolha para os venezuelanos e venezuelanas não é entre escolher a legitimidade de qualquer um dos dois presidentes, mas sim para a construção de um caminho capaz de levar a umas eleições livres, justas, imparciais”, insistiu.
Infelizmente, prosseguiu Pedro Filipe Soares, o que se está a “assistir é a uma polarização de posições dentro e fora da Venezuela”.
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a maioria dos países da América Latina, à exceção de México, Bolívia, Nicarágua e Cuba — que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Rússia, China, Turquia e Irão manifestaram também o seu apoio a Nicolas Maduro.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.
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