“Estamos a por dinheiro público num banco privado, que foi entregue a um fundo abutre e que fará o máximo dinheiro no mínimo tempo possível, deixando a fatura para os contribuintes portugueses”, lamentou Catarina Martins em declarações aos jornalistas no Porto, após entregar no tribunal a lista de candidatos às legislativas pelo distrito em que é cabeça-de-lista.

Na sexta-feira foi divulgado que o Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução e a coordenadora do BE considera estar em causa uma “situação inaceitável” que demonstra a necessidade de “outras regras para a banca e para as resoluções”.

Catarina Martins notou que a resolução do BES foi há cinco anos e atualmente “já estão mais de seis mil milhões de euros de dinheiro dos contribuintes no Novo Banco [que sucedeu ao BES]”.

“O Novo Banco foi entregue à Lone Star, um fundo abutre com uma garantia de mais quatro mil milhões de euros. Dessa garantia, já foi usada mais de metade. E a Lone Star já veio dizer que quer, para o próximo ano, pelo menos 500 milhões de euros e que quer continuar a exigir este esforço ao fundo de resolução”, notou a bloquista.

Catarina Martins defendeu também a canalização de mais meios para a investigação judicial do caso.

“Já passaram cinco anos e, com todo o respeito pelos tempos da justiça, julgo que, se houver poucos meios para a investigação deste tipo de crimes e do crime económico, é preciso garantir à justiça os meios para esta investigação”, disse.

“É difícil o país compreender que, cinco anos depois, ainda nada avançou e já pagamos tantos milhares de milhões de euros por este assalto que foi feito através do BES”, acrescentou.

O Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma estimativa decorrente dos prejuízos de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre, divulgou na sexta-feira o banco liderado por António Ramalho.

Em maio, o Novo Banco recebeu mais uma injeção de capital pelo Fundo de Resolução de 1.149 milhões de euros, isto depois de em 2018 ter tido prejuízos de 1.412,6 milhões de euros.

Do valor colocado no banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução (entidade da esfera do Banco de Portugal que consolida nas contas públicas).

Em 2018, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injeção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução.

A injeção de capital serve para cobrir as perdas relativas a ativos (crédito malparado, imóveis) incluídos no mecanismo de compensação acordado aquando da venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, em outubro de 2017.

Este mecanismo estabelece que o Novo Banco pode solicitar ao Fundo de Resolução até 3.890 milhões de euros até 2026, pelo que nos próximos anos ainda pode pedir mais quase 2.000 milhões de euros.

O Banco Espírito Santo [BES], tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, tendo sido criado o Novo Banco, atualmente detido em 75% pelo fundo Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução bancário.

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