Em declarações à agência Lusa, a deputada do BE Isabel Pires adiantou os objetivos do partido com a interpelação ao Governo, agendada para esta tarde no plenário do parlamento, sobre o tema “resolver o impasse nas negociações com os profissionais de saúde”.

Questionada sobre o facto de o Governo ter chegado a um “acordo intercalar” com o Sindicato Independente dos Médicos, que foi rejeitado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Isabel Pires considerou que este tema continua a fazer sentido até porque apenas se chegou a acordo apenas com uma parte dos representantes dos médicos.

“Uma parte estrutural, significativa do problema que nós temos tido atualmente acaba por não ser resolvido com este acordo a que se chegou com um dos sindicatos e ele tem a ver com o facto de o SNS estar absolutamente dependente neste momento de muitas horas extraordinárias e o acordo não resolve esse problema”, defendeu.

Segundo Isabel Pires, o objetivo do BE com esta interpelação é confrontar o Governo do PS com os “problemas estruturais que o SNS atravessa”.

“E, obviamente, exigir a responsabilização e as soluções que nós temos vindo a apresentar que ajudariam a resolver uma parte muito significativa destes problemas, mas que o Governo tem sido intransigente nessa matéria”, acrescentou.

A deputada bloquista acusou ainda o Governo de “anunciar vários números para dizer que afinal está tudo muito bem com o SNS” que depois não têm relação com a realidade porque os problemas continuam a existir, desde logo haver 1,7 milhões de pessoas sem médico de família ou existirem várias dezenas de urgências encerradas.

“Os problemas continuam e é impossível o Governo continuar a negar que esses problemas existem e por aí negar essas soluções”, criticou.

Para Isabel Pires, o facto de o Governo estar prestes a entrar em gestão não constitui qualquer entrave à resolução dos problemas.

“A questão aqui é mesmo de responsabilização política e de assumir os problemas que estão colocados neste momento com o SNS e pressionar o PS, com esta maioria absoluta, com as suas opções e isso também é importante para percebermos com que é que podemos contar a nível de Serviço Nacional de Saúde daqui para a frente”, defendeu.

Este confronto, de acordo com a bloquista, tem que ser feito porque é “este Governo que tem tomado estas escolhas que têm levado a esta degradação” e precisa de ser responsabilizado por isso.

“Aquilo que tem demonstrado estes últimos meses e a forma como o Governo, em particular na área da saúde, tem tratado estas matérias e tem tratado as negociações, obviamente que não augura nada de muito positivo. No entanto, o nosso papel continua a ser o de exigir que o Serviço Nacional de Saúde seja tratado decentemente”, disse.