"Para algumas pessoas, o VOX não constitui uma ameaça. Ainda hoje li as palavras de Nuno Melo que não fez mais do que branquear a imagem política do Vox. Eu não me confundo. Partidos que defendem que se volte a agredir as mulheres sem punição, partidos que defendem uma agenda racista, xenófoba, que defendem os valores do fascismo, esses partidos não podem caber na democracia", defendeu.

"Não branqueamos o fascismo. Não branqueamos o fascismo", sublinhou.

Em entrevista à Lusa, o cabeça de lista do CDS-PP às europeias, Nuno Melo, disse hoje que o partido espanhol Vox não é um partido de extrema-direita, admitindo até que ele venha a integrar a mesma família política europeia que CDS e PSD.

Para o eurodeputado e vice-presidente do CDS-PP, "90% do que está no programa do Vox encontra-se no [programa do] PP", tal como "nos Ciudadanos encontra muito do PSOE e do PP".

Para a bloquista, que falava no comício do partido no Porto, há apenas uma dimensão correta naquilo que foi dito por Nuno Melo, neste caso, o facto de o partido espanhol Vox ser uma criação do Partido Popular Europeu (PPE) "onde está o PSD e o CDS".

"Sim, é verdade. O VOX, como a generalidade da extrema direita na União Europeia, infelizmente são criações das forças de direita e até das forças do centro-esquerda, que abriram o espaço à legitimação da agenda da extrema direita quando deixaram criar as narrativas de ameaça quando falamos de emigração, de insegurança quando falamos de refugiados", considerou.

"Sim é verdade foram forças da social-democracia e do partido popular europeu que abriram as portas à extrema direita quando aplicaram as políticas de austeridade e disseram que não havia alternativa. Sim, ajudaram a criar esse vazio que deu azo ao crescimento da extrema direita", continuou.

A candidata do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu avisou ainda que se duvidas houvesse que "não há sociedades imunes a estas forças disfarçadas de democratas, mas portadoras dos fantasmas fascistas", basta ver o que está a acontecer hoje em Espanha.

"Estas forças que já ocupam espaço em 10 países da União Europeia, seja enquanto governo, seja em coligação, dizia-se que nunca chegariam aqui ao lado, ao estado espanhol, e que dificilmente chegam a Portugal. Veremos de que forma estão a chegar a Espanha e lutaremos para que nunca cheguem a Portugal", concluiu.