À margem de um almoço para assinalar os 10 anos da vitória do sim no referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, a deputada do BE Mariana Mortágua foi questionada pelos jornalistas se o ministro das Finanças tem condições para continuar no cargo caso se confirmem as acusações da direita de que Mário Centeno mentiu no parlamento e ocultou comunicações com o antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues.
“Quanto às declarações do ministro só ele as poderá esclarecer e haverá um momento próprio para isso que é a comissão de inquérito. O ministro já foi chamado à comissão de inquérito e portanto aguardaremos por essas declarações e por esses esclarecimentos que serão feitos no local próprio, que é a comissão de inquérito à Caixa” [Geral de Depósitos], respondeu.
Mariana Mortágua tinha começado por recordar que “o Bloco de Esquerda já teve oportunidade de dizer publicamente” que entende que “todo este processo foi muito mal conduzido pelo Governo e pelo Ministério das Finanças”.
“Ainda assim, e apesar disso, o problema foi efetivamente resolvido na Assembleia da República com o contributo decisivo do Bloco de Esquerda para impor a transparência e, diga-se de passagem, foi esse contributo que levou até, segundo as declarações, à demissão da administração da Caixa que não entendia ser necessário entregar as declarações de transparência”, recordou.
Ao final da manhã de hoje, o primeiro-ministro, António Costa, reafirmou a sua confiança no ministro das Finanças, acusado de mentir no inquérito parlamentar à Caixa Geral de Depósitos, e acusou o PSD e o CDS-PP de se dedicarem “às tricas”.
António Costa fez questão de “deixar clara” a sua confiança em Mário Centeno e afirmou que a demissão do ministro das Finanças, já pedida pela oposição, “está fora de questão”.
O CDS-PP também já reiterou hoje que o Ministério das Finanças “procurou ocultar” comunicações com António Domingues, insistiu que mentir numa comissão de inquérito pode constituir crime e desafiou o ministro e o primeiro-ministro a retirarem consequências.
“Mentir numa comissão de inquérito é politicamente grave e pode, inclusivamente, nos termos da lei, constituir crime. O senhor ministro das Finanças e o senhor primeiro-ministro terão de retirar as suas consequências”, declarou o CDS-PP, em comunicado, em que reitera o que o porta-voz do partido e deputado João Almeida afirmou em conferência de imprensa na quinta-feira.
A tomada de posição dos centristas segue-se a uma declaração escrita do ministro das Finanças, Mário Centeno, em que acusou o CDS de truncar factos para produzir uma “vil tentativa de assassinato” do seu caráter.
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