Se as várias greves de médicos ainda não tinham sido suficientes durante este verão, parece que em setembro não será diferente. Já se anuncia uma nova paragem para os médicos da área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo nos dias 13 e 14 de setembro, segundo um pré-aviso do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), hoje divulgado.
Já no Porto a história é diferente, e o que faltou durante esta tarde foram ambulâncias, por falta de técnicos, segundo a ANTEM (Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica).
No caso da capital, são abrangidos por esta greve regional os hospitais Beatriz Ângelo (Loures), Vila Franca de Xira, Garcia de Orta (Almada), José de Almeida (Cascais) e os centros hospitalares de Barreiro-Montijo, Setúbal e Psiquiátrico de Lisboa.
De igual forma, a greve afeta também os médicos do Instituto de Oftalmologia Gama Pinto (Lisboa), o IPO de Lisboa e o IPDJ — Departamento de Medicina Desportiva, bem como dos agrupamentos de centros de saúde (ACES) de Cascais, Loures/Odivelas, Estuário do Tejo, Almada/Seixal, Arco Ribeirinho e Arrábida.
O SIM refere que a greve ocorre “sob a forma de paralisação total e com ausência dos locais de trabalho” e que prolongar-se-á entre as 00h00 de 13 de setembro e as 24h00 de 14 de setembro.
O sindicato refere que a greve tem como objetivo levar o Governo a dar “uma resposta efetiva ao caderno reivindicativo sindical”, e quer que seja apresentada pelos ministros das Finanças e da Saúde “uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década, e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na Tabela Remuneratória Única da função pública”.
Esta é a mais recente greve regional dos médicos convocada pelo SIM, e a segunda nesta região, depois de uma primeira, ocorrida a 23 e 24 de agosto. Outras greves já ocorridas abrangeram ainda o Algarve, Alentejo e Açores (30 e 31 de agosto) e a região Centro (9 e 10 de agosto).
Recorde-se que o Governo antecipou, na sexta-feira, para dia 7 de setembro, a ronda negocial com os sindicatos médicos, para a apresentação final do diploma sobre a generalização das Unidades de Saúde Familiar modelo B e a dedicação plena.
A reunião com os sindicatos médicos estava agendada para 11 de setembro e foi antecipada para dia 7, de forma a agilizar as negociações, para fechar este ‘dossier’ e publicar os diplomas, e para os médicos poderem ainda este ano começar a receber mais nas Unidades de Saúde Familiar (USF), ou a aderir ao novo regime de dedicação plena, segundo fonte do Ministério da Saúde
Contactados pela agência Lusa, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disseram que já foram notificados da antecipação da reunião, mas que as expectativas de se alcançar um acordo são muito baixas.
Para a Administração Regional de Saúde Norte (ARS Norte) também estão previstas duas greves, entre 6 e 7 de setembro e 20 e 21 de setembro, mas a preocupação de hoje centrou-se mais na falta de ambulâncias, que não estiveram disponíveis das 16h00 às 20h00.
De acordo com a ANTEM (Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica), citada esta tarde pela SIC Notícias, este evento tratou-se de um problema de falta de técnicos de emergência pré-hospitalar e atribui responsabilidades ao ministro da Saúde e ao Conselho Diretivo do INEM, considerando não havendo resolução para “este tipo de situações, nem a longo prazo nem com efeitos imediatos, não nos resta mais do que antecipar o pedido de demissão”.
“Este perigoso desatino coloca em causa não só, já o Direito à Saúde, como o Direito à Vida”, dizem ainda num comunicado citado pelo canal.
Pedem também “a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que apure os factos de forma livre e independente, levando à criação e implementação das medidas necessárias à criação de um verdadeiro Serviço Médico de Emergência, capaz de responder”.
*com Lusa
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