“Desejo alcançar um equilíbrio nas relações nem sempre amigáveis da União Europeia com Israel para manter relações mais justas”, afirmou Benjamin Netanyahu em Jerusalém, antes de partir para a visita, a primeira de um chefe de Governo israelita àquele país.
“Faço-o através de contactos com blocos de países da União Europeia, países da Europa de Leste e, agora, com países bálticos e outros países, é claro”, acrescentou Netanyahu.
Uma porta-voz europeia, Maja Kocijancic, declarou hoje que a UE “é firmemente contra” a política de colonização “ilegal” de Israel, classificando-a como “um obstáculo à paz”.
Segundo esta declaração oficial, os novos colonatos “comprometem mais a perspetiva de um futuro Estado palestiniano contíguo e viável”.
Durante a sua visita de quatro dias, o primeiro-ministro israelita participará numa reunião em Vilnius com os seus homólogos dos três países bálticos: Saulius Skvernelis, da Lituânia, Maris Kucinskis, da Letónia, e Jüri Ratas, da Estónia.
Netanyahu promove há meses uma política de aproximação aos países do chamado Grupo de Visegrado (Hungria, Polónia, Eslováquia e República Checa), cujas posições nacionalistas irritam os outros países da União Europeia.
O governante israelita está a tentar forjar uma aliança política com os países que faziam parte do bloco soviético contra a maioria dos Estados da Europa ocidental, considerados menos favoráveis a Israel, nomeadamente em votações na ONU.
Numa visita realizada no ano passado à Hungria, Netanyahu condenou as exigentes “absolutamente insanas” da União Europeia em relação à ocupação israelita da Cisjordânia, durante uma conversa privada que foi gravada.
“A Lituânia e os outros países bálticos são provavelmente considerados por Netanyahu como vozes que poderiam desempenhar o papel de advogados de Israel dentro da UE”, declarou Ramunas Vilpisauskas, professor na Universidade de Vilnius, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
A Lituânia é também um país há muitos anos cliente da indústria militar israelita.
Enquanto Netanyahu assumiu o papel de advogado dos êxitos obtidos pelas empresas israelitas especializadas em cibersegurança, nove países europeus, entre os quais a Lituânia, anunciaram recentemente a intenção de criar “equipas de reação rápida” para responder a eventuais ciberameaças, no âmbito do novo pacto de defesa da UE.
Netanyahu, cuja visita à Lituânia deve terminar no domingo, vai igualmente encontrar-se com membros da comunidade judaica do país, que tem 3.000 pessoas, numa população total de 2,9 milhões de habitantes.
Muitos israelitas são originários da Lituânia, entre os quais uma avó de Netanyahu, nascida na cidade de Seduva, no norte do país.
De acordo com Monika Antanaityte, uma porta-voz da comunidade judaica lituana, o avô do primeiro-ministro israelita era originário de Kreva, atualmente um território da vizinha Bielorrússia.
No âmbito do encontro com a comunidade judaica lituana, o chefe do Governo israelita visitará um memorial dedicado aos judeus vítimas do Holocausto, participando numa cerimónia em memória dos 141.000 judeus mortos pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, e atribuirá ainda a uma família lituana o título de “Justa entre as Nações”, por ter salvado os seus vizinhos judeus.
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