Em entrevista à agência Lusa, o ex-líder parlamentar comunista de 45 anos parte “com grande expectativa” para o XX Congresso Nacional do PCP, entre 2 e 4 de dezembro em Almada, “um momento de grande reflexão interna e também aberta a outros setores” sobre “a situação do país e do mundo” para “guiar a intervenção do PCP” no futuro.

“Vai ser um congresso de reafirmação da pujança e importância do PCP e sua inserção na vida dos portugueses e vida política do nosso país, que está comprovadamente garantida e com grande influência”, assegurou.

Para Bernardino Soares, “Jerónimo de Sousa tem belíssimas condições para continuar, um enorme prestígio junto da população, que é também o prestígio do PCP, mas também tem uma marca muito própria da pessoa que ele é e da forma como sempre interveio na vida política — indesmentível”.

“Acho que é essa a boa decisão que poderemos vir a tomar no próximo congresso”, anteviu, sobre a continuidade do atual líder comunista.

Relativamente ao balanço sobre a posição conjunta assumida com o PS e que viabilizou o destronar de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas e a ascensão do socialista António Costa a primeiro-ministro, o jurista reconhece tratar-se de “um assunto que também merece reflexão e tem avaliação nos próprios documentos que serão debatidos”.

“O que se comprova neste momento é que foi uma opção acertada este desafio que o PCP fez ao PS para poder formar Governo se assim o entendesse, embora consciente das limitações que a solução tem, dadas as orientações que o PS continua a perfilhar, designadamente em matéria de política europeia, fortemente limitativas de uma verdadeira política patriótica e de esquerda”, lamentou.

O autarca de Loures destacou ser “evidente, hoje, que há ganhos essenciais na reversão de medidas que tinham sido tomadas pelo Governo anterior e há medidas que estão a ser tomadas que se traduzirão, embora de forma insuficiente, em vitórias, melhorias, novos direitos e regalias para os portugueses”.

“Como o Jerónimo de Sousa dizia há poucos dias, estamos a discutir não se há ou não um aumento de pensões ou quanto é o corte, como nos últimos anos, mas de quanto é que é o aumento. Sendo certo que o aumento não resolverá, num ano só, os problemas dos pensionistas e reformados, é uma mudança substancial e tem forte influência do PCP”, continuou.

Confrontado com o facto de a maioria dos pontos convergentes estarem assegurados e de sobrarem as divergências ao nível dos compromissos europeus, com um ano de legislatura, Bernardino Soares colocou o ónus da continuidade da atual solução política do lado dos socialistas.

“Isso é uma responsabilidade que cai sobre o PS. Progressivamente, vai-se colocar essa questão. Cá estaremos para questionar orientações da União Europeia, fortemente prejudiciais para o nosso país, e ir procurando fazer avançar medidas positivas como o aumento do salário mínimo, como as reformas e outras questões. Vamos ver até onde pode ir este caminho. O nosso desejo é o de que o PS compreenda que é preciso e possível começar a construir outro caminho mesmo em relação às questões da União Europeia”, disse.

Para o dirigente comunista, “cada vez mais é evidente que o facto de termos regras muito estritas de défice e um pagamento de responsabilidades de dívida muito elevado são fortemente limitativas para o nosso desenvolvimento”.

“Temos o dobro do dinheiro para a dívida no OE2017 do que para o investimento público quando o de que precisávamos era do inverso”, advogou.

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