De acordo com um comunicado divulgado pela faculdade, o acervo completo da Biblioteca Pina Martins, que inclui cerca de 1.100 livros antigos, entre os quais nove incunábulos (livros impressos com tipos móveis, nos primeiros tempos da imprensa), "será alvo de estudo e disponibilidade na Biblioteca da Faculdade de Letras da ULisboa”.

Deste acervo fazem parte cerca de 90 obras impressas pelo humanista Aldo Manuzio e seus sucessores, 600 títulos impressos no século XVI, bem como alguns tesouros bibliográficos pela sua raridade ou pela beleza da impressão e encadernação, tal como a rara primeira edição das “Obras Completas de Sá de Miranda” (1585) e uma outra de “Os Lusíadas”, de 1613, comentada pelo compositor Manuel Correia.

A Biblioteca de Estudos Humanístico integra uma coleção de obras bibliográficas dedicadas ao Humanismo do Renascimento, entre as quais se encontram textos escritos pelos grandes nomes do pensamento humanista, como Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Giovanni Pico della Mirandola, Angelo Poliziano, Marsílio Ficino, Erasmo de Roterdão e Thomas More.

No domínio do humanismo português, de que se destacam os temas ligados aos Descobrimentos, estão presentes textos de Luís de Camões, André de Resende, Damião de Góis, Luís António de Verney, Francisco de Sá de Miranda e Bernardim Ribeiro.

O fundo do Arquivo de Estudos Humanísticos, constituído por documentos datados entre os séculos XV e XX e relacionados com a cultura e história nacional, guarda os manuscritos das cartas régias de Afonso V (1432-1481) e Manuel I (1469-1521), os inventários da Casa da Tapada mandada construir em 1540 por Francisco de Sá de Miranda (1481-1558) e ainda os fundos documentais de Francisco Marques de Sousa Viterbo (1845-1910) e Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925).

José Viriato de Pina Martins (1920-2010) constituiu a sua biblioteca ao longo de décadas de trabalho académico no país e no estrangeiro, tendo reunido um dos mais relevantes acervos bibliográficos existentes em Portugal. Profissionalmente promoveu o estudo do livro renascentista e dos seus textos.

Esta biblioteca particular foi adquirida pelo Novo Banco à família de Pina Martins em 2008.

Em abril, a Biblioteca Nacional de Portugal (BPN) abriu um processo de classificação da Biblioteca de Estudos Humanísticos Pina Martins, na parte correspondente a manuscritos, incunábulos e impressos dos séculos XVI a XVIII.

De acordo com um anúncio assinado a 17 de março pela diretora-geral da BNP, Maria Inês Cordeiro, “foi determinada a abertura do procedimento de classificação a abertura do procedimento de classificação da Biblioteca de Estudos Humanísticos, do Professor José V. de Pina Martins, atualmente na posse do Novo Banco, na parte que corresponde a manuscritos, incunábulos e impressos dos séculos XVI a XVIII”.

No mesmo mês, durante uma audição parlamentar, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, tinha dado conta da sua intenção de "que o acervo do Novo Banco se mantenha em Portugal e esteja aberto à fruição dos portugueses".