“Não devia ter usado ‘ilegal’, é indocumentado”, disse Joe Biden, numa entrevista no sábado ao canal de televisão norte-americano MSNBC.
Biden, que procura mais quatro anos de Governo, lembrou que, durante o discurso perante as duas câmaras do Congresso na quinta-feira, destacou as diferenças entre as suas políticas e as do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), candidato favorito à nomeação Republicana às eleições de novembro.
“Falei sobre as diferenças entre mim e Trump. Uma das coisas que mencionei foi a questão da fronteira e a forma como ele se refere a estas pessoas”, disse.
“Não vou tratar ninguém de uma forma tão desrespeitosa. São eles que construíram o nosso país. É por causa deles que a nossa economia está a crescer. E precisamos de controlar a fronteira, de o fazer de uma forma mais ordenada, mas não partilho de todo a visão” de Trump, acrescentou.
Na quinta-feira, durante o discurso do Estado da União, Biden, de 81 anos, respondeu de forma improvisada aos gritos da congressista republicana de extrema-direita Marjorie Taylor Greene.
A deputada pediu a Biden que dissesse o nome de Laken Riley, uma estudante da Geórgia (EUA) alegadamente morta por um imigrante venezuelano, ao que o Presidente respondeu dizendo: “Laken Riley era uma jovem inocente que foi morta por um imigrante ilegal. Isso é verdade”, questionando quandos milhares de pessoas são mortas por imigrantes ilegais.
O uso do termo “ilegal” atraiu críticas de legisladores do Partido Democrata, como os representantes democratas Chuy Garcia, que se declarou “profundamente desiludido” por ouvir Biden usar a palavra “ilegal”, e Joaquín Castro, que apontou que a linguagem de Biden estava “perigosamente próxima” da utilizada por Trump.
No dia seguinte, a Casa Branca defendeu Biden, destacando “a compaixão” que tem guiado as políticas de imigração do Presidente, de acordo com a porta-voz, Karine Jean-Pierre, numa reunião com um pequeno grupo de jornalistas de diferentes meios de comunicação.
Na sexta-feira, a campanha de Biden também pediu que o comentário do Presidente fosse contextualizado e comparado com as políticas que Trump prometeu implementar se voltar à Casa Branca, que vão desde deportações em massa até a construção de centros gigantescos para deter imigrantes sem documentos.
Numa ação de campanha em Roma, no estado da Geórgia, no sábado, Trump, de 77 anos, aproveitou para criticar os comentários do Presidente norte-americano.
“Joe Biden foi à televisão e pediu desculpa por ter chamado ilegal ao assassino de Laken”, disse, sob fortes vaias e apupos. “Biden devia pedir desculpa por ter pedido desculpa a este assassino”.
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