A alegação ocorre após o anúncio de quarta-feira da chanceler alemã de que Navalny, hospitalizado em Berlim em coma depois de desmaiar num avião na Sibéria, foi envenenado por um agente neurotóxico “do tipo Novichok”.

Os ocidentais pressionaram Moscovo para se explicar, mas o Kremlin disse não ver “qualquer razão” para se acusar o Estado russo e pediu que não se tirem “conclusões precipitadas” sobre o envenenamento do seu principal adversário político.

Ao receber hoje o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, em Minsk, Lukashenko assegurou que os seus serviços de informações “intercetaram” uma chamada telefónica entre Varsóvia e Berlim, que prova que o caso de Alexei Navalny é uma “falsificação”.

“Não houve envenenamento de Navalny”, afirmou o presidente bielorrusso diante de um impassível Mishustin. “Eles fizeram isso, e passo a citar, para dissuadir Putin de meter o nariz nos assuntos bielorrussos”, adiantou.

Lukashenko disse ainda que vai encaminhar a transcrição daquela chamada para os serviços de segurança russos.

Alexander Lukashenko, 66 anos, dos quais 26 no poder na Bielorrússia, enfrenta um movimento de protesto inédito contra a sua reeleição nas presidenciais de 09 de agosto, que a oposição denuncia como “fraudulenta”.

Recusando-se a dialogar com os seus críticos, Lukashenko conta com o apoio da Rússia, o seu principal aliado e parceiro económico. Os europeus rejeitam os resultados das presidenciais e preparam sanções visando os altos responsáveis do poder bielorrusso.

O “braço direito” de Alexei Navalny, Leonid Volkov, considerou ridículas as alegações de Lukashenko, acusando o primeiro-ministro russo de “ser cúmplice na tentativa de homicídio”.

“Qualquer pessoa que se suje ao participar deste circo terá de assumir a responsabilidade”, declarou.

O presidente da Bielorrússia destacou, por outro lado, os “progressos” no relacionamento com a Rússia.

“Estou-lhe muito grato pelas intensas negociações que estão a ser realizadas entre os nossos governos nas últimas semanas, talvez um mês e meio ou dois”, disse Lukashenko, dirigindo-se a Mishustin, segundo a agência estatal Belta.

Mishustin disse que os progressos se registaram em particular no caso da implementação da União Estatal entre a Rússia e a Bielorrússia, aliança com duas décadas a cuja aplicação Lukasheko se tinha oposto até agora.

Adiantou que o futuro do bloco se baseará nas “posições independentes” dos seus dois membros, mas incluirá “as correspondentes medidas económicas” acordadas entre Moscovo e Minsk.

Da delegação do governo russo faz parte o ministro das Finanças, Anton Siluanov, que abordará com o seu homólogo bielorrusso a dívida do país a Moscovo, que ascende a 1.000 milhões de dólares (845 milhões de euros).

A visita de Mishustin a Minsk antecede a de Lukashenko a Moscovo, que segundo o Kremlin acontecerá nas “próximas semanas”.

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