“O protecionismo ou elementos de protecionismo podem ser políticas necessárias para proteger o Interior e a sua economia produtiva”, afirmou.

Mariana Mortágua falava na sessão de encerramento do “Encontro Nacional do Interior 2016″, iniciativa do Bloco de Esquerda que foi hoje realizada na Covilhã, distrito de Castelo Branco.

A bloquista garantiu que o partido está empenhado em manter na agenda nacional questões como a da promoção da coesão territorial e do desenvolvimento do Interior e lembrou que é muito importante estar atento ao desenvolvimento do setor produtivo e da criação de emprego.

Mariana Mortágua salientou a ideia de que é importante voltar a proteger setores muito importantes para criar emprego e fixar pessoas nos territórios do Interior, mas que tipicamente estão “muito exposto à concorrência externa” como é o caso da indústria têxtil, da agricultura e do calçado.

Segundo defendeu, a economia portuguesa continua a sofrer pelo que foi a política de “abertura excessiva” e nesse sentido considerou que é preciso rever o posicionamento de Portugal, que com a liberalização abdicou de “pensar a sua economia, a sua indústria, o seu território e a sua produção”.

“O desenvolvimento produtivo do país não é compatível com regras europeias de défice de zero por cento, ou com uma dívida de nos leva juros de oito mil milhões ao ano e não é compatível com regras de Bruxelas que nos dizem que o Estado está proibido de pôr dinheiro na sua companhia aérea de ponta”, afirmou.

Deste modo, considerou, é preciso “criar regras” que salvaguardem os interesses nacionais e, consequentemente, os interesses dos territórios do Interior.

“Se nós queremos ter desenvolvimento do Interior, certamente que precisamos de infraestruturas, certamente que precisamos de democracia local, certamente que precisamos de qualificações, de universidades, de politécnicos de descentralização de competências, de serviços públicos que cheguem às populações; mas também precisamos de proteger os setores da economia destes territórios do Interior”, apontou.

Para a deputada do BE, tal significa “ter controlo sobre a banca para a banca poder privilegiar setores da economia do Interior e empresas que se instalam no Interior”.

Entre as medidas, apontou o que considera ser necessidade de “combater o poder dos grandes hipermercados e das grandes empresas de retalho e distribuição”, de modo a que estes não possam monopolizar o mercado e “eliminar as margens dos pequenos produtores”.

“Quando estou a falar de protecionismos estou ainda a falar de coisas como, por exemplo, impedir que seja assinado um acordo de comércio transatlântico com os Estados Unidos: isto é uma medida de protecionismo que é uma boa medida porque vai proteger a produção nacional”, acrescentou.

A dirigente do BE lembrou que é importante inscrever na agenda da luta pelo interior, questões como o reforço dos serviços públicos, o reforço das redes de transportes, bem como a “descentralização de competências/regionalização”.

Relativamente à descentralização/regionalização disse que é um tema que “merece um debate muito aprofundado e muito minucioso”, já que, ressalvou, “uma coisa é descentralizar competências e outra é desmantelar o Estado Social”.