Numa pergunta dirigida ao ministro da Saúde, os deputados do Bloco de Esquerda (BE) José Manuel Pureza, Moisés Ferreira e Jorge Falcato Simões, questionam se o Governo confirma que o serviço de urgência do Hospital dos Covões “está sem capacidade de resposta nalguns turnos de cirurgia”, como afirmou recentemente, em comunicado, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).

De acordo com a mesma nota da SRCOM, citada pelo BE, a Ordem alerta que há “o risco de a equipa de cirurgia do serviço não conseguir cumprir os requisitos mínimos definidos pelo colégio da especialidade, a partir de junho” deste ano.

O presidente daquela Secção da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, “em declarações à imprensa”, afirmou que “há dias em que a escala é constituída apenas por um especialista e um interno” e que, “durante a noite, apenas está escalado um cirurgião”, referem ainda os deputados do BE.

Entretanto, “a Ordem dos Médicos anunciou que irá efetuar uma auditoria ao serviço de urgência dos Covões, em função da qual ponderará se este serviço continuará a ter idoneidade formativa para formar médicos de cirurgia geral”, acrescentam.

O BE quer saber se o Governo tem conhecimento da situação e se confirma “a existência de debilidades no serviço de urgência do Hospital dos Covões, tal como exposto pela SRCOM”.

Os deputados bloquistas questionam ainda qual o projeto para o Hospital dos Covões e se o Governo aceita o seu encerramento.

O Hospital Geral de Coimbra, vulgarmente designado por Hospital dos Covões, integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), do qual também fazem parte outros estabelecimentos da cidade, como o Hospital Pediátrico, o Centro Hospitalar Psiquiátrico e as maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos.

O Hospital dos Covões, que “tem vindo a perder sucessivos serviços e valências”, foi, durante décadas, um estabelecimento de referência, sublinha o BE, recordando que, “em 2012, o Governo PSD/CDS” decidiu “encerrar a urgência noturna”, iniciando “o processo de desmantelamento” desta unidade hospitalar.

“Apesar das sucessivas afirmações de que não havia interesse em desqualificar os Covões, o tempo tem vindo a mostrar que é efetivamente isso que está a acontecer: depois do encerramento da urgência noturna durante a semana, depois de desqualificação de serviços de excelência” e do fecho da urgência ao fim de semana, “surge agora a possibilidade de perda de idoneidade formativa”, alertam os deputados do BE.