"Alcançamos um acordo de princípio sobre os termos de uma resolução com o Departamento de Justiça", afirmou a Boeing num comunicado enviado à AFP.

O acordo foi anunciado após os procuradores concluírem que a Boeing violou um acordo anterior sobre os acidentes, que aconteceram na Etiópia e na Indonésia.

As famílias das vítimas pediram ao tribunal que rejeitasse o acordo numa próxima audiência, alegando que "faz concessões injustas à Boeing que outros acusados nunca receberiam".

Segundo os documentos judiciais apresentados no Texas no domingo, a empresa concordou em   declarar-se culpada de "conspiração para defraudar os Estados Unidos" durante a certificação dos aviões MAX.

A Boeing será multada e deverá investir no mínimo de 455 milhões de dólares (2,4 bilhões de reais) em "programas de 'compliance' e segurança".

A indemnização aos familiares das vítimas será determinada pelo tribunal.

A justiça determinou em maio que a empresa ignorou um acordo de acusação diferida de 2021 ao não cumprir os requisitos para melhorar os seus programas de ética e 'compliance' após os acidentes.

As famílias das vítimas afirmaram que estão "muito dececionadas" com o acordo entre a Boeing e o DoJ, afirmou um advogado do escritório Clifford Law, que representa os demandantes.

"Nos últimos cinco anos foram apresentadas ainda mais evidências que demonstram que a cultura da Boeing de colocar o lucro acima da segurança não mudou. Este acordo de culpa apenas promove o objetivo corporativo", declarou o advogado Robert A. Clifford.

O acordo original foi anunciado em janeiro de 2021, por acusações de que a Boeing defraudou de maneira consciente a Administração Federal de Aviação durante a certificação do MAX.

O acordo exigia da Boeing o pagamento de 2,5 bilhões de dólares em multas e restituições em troca de imunidade penal.

O período condicional de três anos expirava este ano. No entanto, em janeiro, a Boeing entrou novamente em crise quando um avião 737 MAX da Alaska Airlines foi obrigado a aterrar de emergência depois que de painel da fuselagem se partir em pleno voo.

Numa carta enviada ao tribunal a 14 de maio, os funcionários do DoJ afirmaram que a Boeing violou as suas obrigações sob o DPA ao "não elaborar, implementar e fazer cumprir um programa de 'compliance' e ética para prevenir e detetar infrações das leis de fraude dos Estados Unidos em todas as suas operações".