"Há exatamente 12 semanas esta noite, neste mesmo local, um assassino a sangue frio tentou silenciar-me", disse o republicano aos milhares de simpatizantes que estavam em Butler, na Pensilvânia, desta vez protegido por um vidro à prova de balas.
Trump qualificou o atirador como um "monstro abominável" e prometeu: "Nunca vou desistir (...) Nunca me vou dobrar (...) Nunca me vão destruir".
O retorno desafiante e bastante divulgado de Trump a Butler acontece exatamente um mês antes das eleições presidenciais de 5 de novembro, um dia que o presidente Joe Biden acredita que pode acontecer em clima de violência, conforme alertou na sexta-feira.
Desta vez, a segurança em Butler foi muito mais rígida, atiradores destacados e posicionados em vários edifícios em volta e um drone de vigilância no alto.
"Estão a ocorrer muitas coisas inquietantes", disse Heather Hughes, de 43 anos, que viajou de New Castle, na Pensilvânia, para estar no comício.
Trump tinha clara vantagem nas sondagens depois do desempenho catastrófico de Biden num debate televisivo no fim de junho, e chegou à convenção republicana em Milwaukee como um mártir político.
As imagens do ex-presidente republicano com o rosto ensanguentado, a erguer o punho e a gritar enquanto era retirado por agentes dos Serviços Secretos ficaram virais nas redes sociais e marcaram a campanha.
Neste encontro com os simpatizantes, muitos vestiam camisas com símbolos da tentativa de assassinato, e alguns usavam "curativos" nas orelhas que lembravam a ligadura usada pelo antigo governante após o atentado.
O bilionário Elon Musk marcou presença junto a Trump no púlpito e enfatizou as margens que serão decisivas nos estados disputados, como a Pensilvânia, e pediu à multidão que se registasse para votar.
Trump "deve vencer para preservar a democracia nos Estados Unidos", disse Musk, em linha com as mensagens alarmistas que envia habitualmente para os seus 200 milhões de seguidores na sua plataforma X (antigo Twitter).
A corrida mudou
Apenas uma semana depois da tentativa fracassada de assassinato, a corrida presidencial sofreu uma reviravolta quando Biden abandonou a disputa e foi substituído pela vice-presidente Kamala Harris, que rapidamente recuperou terreno para o campo democrata.
Trump tem tentado reviver o incidente, anunciando o seu regresso ao lugar onde "levou uma bala pela democracia".
Kamala, por sua vez, esteve neste sábado na Carolina do Norte, onde reuniu com socorristas e afetados pelo furacão Helene, que provocou a morte de pelo menos 220 pessoas na sua passagem pelo sudeste dos Estados Unidos.
A resposta de emergência é "um exemplo do melhor que podemos fazer quando reunimos recursos em nível federal, estadual e local, e aproveitamos o tipo de companheirismo que produz resultados", disse aos funcionários numa conferência de imprensa.
Trump tem criticado a resposta federal ao desastre, alegando sem provas que a administração Biden-Harris redirecionou aos migrantes recursos de assistência às vítimas da Helene.
Reta final da campanha
As atenções em Butler também se voltam para os Serviços Secretos, que foram ridiculizados em julho por não serem capazes de oferecer segurança adequada a centenas de metros de onde o atirador disparou oito vezes contra Trump, antes de ser morto pelos agentes.
Juntamente com Trump, dois dos seus apoiantes ficaram feridos, enquanto o bombeiro Corey Comperatore morreu.
"Ele disse que voltaria para terminar o seu discurso, e para mim (isso requer) coragem", disse Robert Dupain, trabalhador da construção de 53 anos, que também esteve no comício de julho.
Imediatamente após o incidente em Butler, ambos os candidatos pediram para baixar a tensão política.
No entanto, Trump voltou rapidamente à sua retórica incendiária e a seus habituais ataques pessoais.
Comentários