“Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda quer hoje”, disse o chefe de Estado brasileiro aos jornalistas.
Jair Bolsonaro tem agendado para hoje um encontro com Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel que dirigiu o Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações e Defesa Interna (DOI-CODI) em São Paulo, um dos maiores centros de repressão da ditadura militar que imperou no Brasil durante 21 anos (1964 – 1985).
“Tem um coração enorme. Estou apaixonado por ela. Não tive muito contacto, mas tive algum contacto com o seu marido quando estava vivo”, disse.
Brilhante Ustra morreu, em 2015, vítima de cancro.
Antes de morrer, reconheceu perante a Comissão Nacional de Verdade, que investigou os crimes ocorridos durante a ditadura, que pode ter havido “excessos como em todas as guerras”, mas nunca tortura.
Assegurou que tudo o que fez foi em cumprimento de ordens superiores para combater o comunismo.
Ustra foi condenado em 2008 por torturar um jornalista em 1971, mas o processo foi arquivado por um tribunal brasileiro, que considerou que a queixa da família da vítima ocorreu duas décadas depois da aprovação da Constituição de 1988, que reconhece a amnistia dos delitos praticados durante o regime militar.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro, que recusa a existência de uma ditadura militar no Brasil, exalta a figura de Ustra.
O líder da extrema-direita tinha já invocado o nome do coronel durante o processo de político que terminou com a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Na altura, Bolsonaro, então deputado federal, dedicou o seu voto a favor do “impeachment” (destituição) da Presidente à memória do coronel, classificando-o como “o pavor de Rousseff”, que durante a juventude esteve detida e foi torturada no centro sob o comando de Ustra.
Bolsonaro, capitão do Exército na reserva, questiona a versão oficial sobre os desaparecimentos e mortes nesse período e, recentemente, substitui quatro dos sete membros que integram a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos durante a ditadura militar porque, segundo disse, o Governo “agora é de direita”.
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