“Temos exemplo para dar para a Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil, em grande parte de carvão, e a nossa não. Então, eles têm a aprender muito connosco”, disse Bolsonaro, após desembarcar em Osaka, no Japão, onde participará na cimeira das 20 maiores economias do mundo (G20).

Na última quarta-feira, Merkel disse numa sessão do parlamento alemão pretendia falar com o Presidente brasileiro sobre o avanço da desflorestação no Brasil durante o encontro do G20.

“Vejo com grande preocupação a questão das ações do Presidente brasileiro [em relação ao desmatamento] e, se for possível, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele [sobre o assunto]”, afirmou Merkel aos deputados alemães.

Ao ser questionado por jornalistas sobre estas declarações de Merkel, Bolsonaro disse que “não é como alguns [Presidentes] anteriores”, que iam ao G20 “para serem advertidos por outros países”. “A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado”, disse.

O chefe de Estado brasileiro também colocou em dúvida a veracidade das declarações da chanceler alemã, alegando que soube do caso ao ler reportagens escritas que podem não ser verdadeiras.

“Eu vi o que tá escrito (…) Tem que fazer a devida filtragem para não deixar ser contaminado por parte dos média escritos, em especial”, concluiu.

A declaração de Merkel foi uma resposta a perguntas feitas pela deputada do Partido Verde alemão Anja Hajduk sobre a deterioração das questões ambientais no Brasil.

Recentemente, mais de 300 organizações não-governamentais (ONG) europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e o grupo Amigos da Terra, questionaram o acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul (bloco fundado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), face ao receio de que a expansão das atividades agrícolas no Brasil, fortemente apoiada pelo Governo de Bolsonaro, incentive a desflorestação da floresta amazónica.

As ONG exigiram que o Governo brasileiro adote “medidas rigorosas” contra a desflorestação e compromissos a favor do acordo de Paris sobre o clima, celebrado em 2015.

Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon) divulgados na última sexta-feira, a desflorestação da Amazónia Legal (área delimitada na amazónia brasileira em que são permitidas algumas atividades de exploração humana) aumentou 26% em maio de 2019 face ao mesmo período do ano anterior.

Os dados indicam que quase 800 quilómetros cúbicos da Amazónia legal foram desflorestados, enquanto no mesmo período do ano anterior a área foi de 634 quilómetros cúbicos.