Bolsonaro abandonou o hospital AdventHealth Celebration, localizado na periferia da cidade norte-americana de Orlando, contra a recomendação da equipa médica, avançou o jornal brasileiro O Globo.

Um médico disse ao jornal brasileiro que Bolsonaro foi aconselhado a permanecer internado por mais três ou quatro dias por ainda não conseguir ingerir alimentos sólidos.

Pouco depois das 19:00 de terça-feira (00:00 em Lisboa), Bolsonaro saiu de um veículo com outra pessoa e entrou de forma apressada na casa nos subúrbios de Orlando, onde mora desde 30 de dezembro, avançou um jornalista da agência de notícias France-Presse.

Horas antes, Bolsonaro tinha admitido antecipar o regresso ao Brasil, no meio de uma crise provocada pela invasão das sedes dos três poderes em Brasília, que classificou de “infeliz episódio”.

“Esta é já a minha terceira admissão por obstrução intestinal grave. Vim para passar algum tempo fora com a família, mas não tive nenhum dia calmo. Primeiro, houve aquele infeliz episódio no Brasil e depois a minha admissão no hospital”, lamentou, a partir do hospital na Florida.

Bolsonaro explicou que, embora a intenção inicial fosse permanecer nos Estados Unidos até ao final de janeiro, os problemas de saúde levaram a uma antecipação do regresso ao Brasil, no meio de uma crise política causada pela violência de apoiantes do ex-chefe de Estado na capital brasileira.

“No Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal devido ao esfaqueamento. Aqui, os médicos não vão dar seguimento”, disse Bolsonaro, à cadeia de televisão CNN, citada pelo jornal O Globo.

Bolsonaro foi internado, na segunda-feira, pelos efeitos secundários de um esfaqueamento que sofreu em 2018, durante a campanha eleitoral e que, desde então, o levou a ser várias vezes hospitalizado.

O ex-chefe de Estado demarcou-se da violência dos seus apoiantes, que no domingo invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, sedes dos três poderes do Estado brasileiro, e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques.

Antes, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha acusado o antecessor, a quem apelidou de genocida, de provocar e estimular invasões violentas.

Vários membros do Congresso começaram a reunir o apoio necessário para criar uma comissão parlamentar especial para investigar o envolvimento de Bolsonaro em atos pelos quais as mais de 1.500 pessoas detidas poderão enfrentar acusações relacionadas com terrorismo, rebelião e golpe de Estado.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que se encontra também nos Estados Unidos, anunciou na terça-feira que vai regressar ao Brasil para se apresentar à justiça.

Isto depois do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ter decretado a detenção de Anderson Torres e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal coronel Fábio Augusto Vieira.