O combate à frente de fogo, uma expansão do grande incêndio que lavra desde sábado em Góis, distrito de Coimbra, centrava-se no Alto do Soeirinho, junto a várias pás das eólicas, onde quase duas dezenas de veículos de bombeiros e várias máquinas de rasto tentavam cortar a passagem de chamas.

Na aldeia do Soeirinho, a poucos metros de onde as chamas progrediam com mais intensidade, os bombeiros tiveram que ir apagar um começo de incêndio numa das hortas que ladeia a povoação.

Na aldeia do Soeirinho, onde há dez habitantes, registava-se hoje à tarde apenas Paulo Garcia, a mulher e o filho, que deram o alarme.

“Estávamos na casa de convívio e ali em baixo da estrada passou uma carrinha que começou a apitar e foi assim que nos apercebemos. Eu não quis nem quero ir-me embora. Se não estivesse cá ninguém, tinha ido tudo. Imagine o que ia dar”, afirmou à agência Lusa.

Perto do local onde se concentram os bombeiros, a cerca de dez quilómetros do centro do concelho, Hermínio Almeida observa apreensivo o trabalho de combate ao incêndio, afirmando que na sua aldeia, Malhada do Rei, as pessoas estão “sobressaltadas, porque se isto não ficar atalhado aqui, vai correr mal”.

“O pior é o vento”, disse assinalando a maior intensidade com que sopra à medida que se aproxima o fim da tarde.

Noutra aldeia a alguns quilómetros do local, Carvalhal do Sapo, António Matias e os vizinhos estão um pouco mais sossegados, depois de “um dia de inferno” na terça-feira.

“Ardeu tudo aqui à volta, quem nos valeu foram os bombeiros, até vieram do Alentejo”, disse à agência Lusa.

Na estrada que leva à aldeia, imprópria para quem tem vertigens, ambos os lados estão completamente negros, as árvores calcinadas e algumas casas abandonadas completamente negras.

“O mal disto é plantarem as árvores tão perto da estrada, eucaliptos por todo o lado e pinheiros, quando deviam ter uma distância para os caminhos”, opinou.

A paisagem que se observa da serra da Lousã, olhando para sul e oeste, do alto do Soeirinho, está completamente coberta por fumo, cinzento, negro e branco.

Os bombeiros, cujo posto de comando se situa junto à entrada do parque eólico do Cadafaz, estão constantemente a percorrer as estradas da serra para debelar os focos de incêndio que vão surgindo, para que contribuem as faúlhas que são arrastadas pelo vento.