"Espero que esta tragédia que se abateu sobre Borba possa impedir outras tragédias. Espero que nada permita outra tragédia como esta e que esta tragédia nos permita repensar não só as estradas de Borba, mas [também] todas as estradas deste país", afirmou António Anselmo.
O autarca falava aos jornalistas no quartel dos Bombeiros Voluntários de Borba, após um balanço da Proteção Civil das operações de resgate das vítimas do deslizamento de terras.
O deslizamento na estrada entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, pelas 15:45 de segunda-feira, provocou a deslocação de uma quantidade significativa de rochas, blocos de mármore e terra, arrastando viaturas que circulariam na zona para o interior de uma pedreira.
Segundo as autoridades, o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada terá arrastado para dentro da pedreira contígua, com cerca de 50 metros de profundidade, uma retroescavadora e duas viaturas civis, um automóvel e uma carrinha de caixa aberta.
O balanço aponta para dois mortos confirmados e três desaparecidos, que as autoridades suspeitam terem sido vítimas do deslizamento de terras para as pedreiras.
António Anselmo foi questionado pelos jornalistas sobre se houve uma reunião com técnicos dos serviços regionais de Geologia em que terá sido abordada a situação e a hipótese de fechar a estrada, se esteve presente e se a Câmara de Borba sabia dos riscos.
O presidente da Câmara de Borba confirmou que "houve uma reunião há quatro ou cinco anos" e garantiu que "o que foi falado na reunião será público na altura certa e com atas e tudo aquilo que foi dito".
O autarca referiu que "há pedreiras dos dois lados" da estrada "há muito tempo" e a via "teve sempre a mesma dimensão" e, por isso, "não acredita" que "pedreiras licenciadas possam ter posto em perigo a estrada".
"Acredito que os conhecedores, os diretores técnicos das pedreiras, as pessoas que licenciam as pedreiras sabiam que, em princípio, não havia problemas nenhuns", declarou.
"Mas quem impede que haja um terramoto, uma inundação?", questionou, afirmando: "Lamentavelmente, sucedeu [aquela tragédia] naquele dia em Borba e, infelizmente, morreram duas [pessoas] confirmadas".
À pergunta sobre se tem mais informações sobre as condições da estrada, que já seria considerada perigosa, o autarca respondeu: "Na altura certa irei falar sobre isso".
"Não vale a pena estarmos a especular. Na altura certa sairá a documentação certa, porque nós [município] não enganamos ninguém”, realçou.
Questionado sobre se há mais estradas em risco de ruir no concelho de Borba, o autarca respondeu: "Quem saberá isso é [a empresa] Infraestruturas de Portugal e os organismos que tratam dessas coisas".
O Ministério Público instaurou, entretanto, "um inquérito para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência", referiu a Procuradoria-geral da República, em resposta enviada à agência Lusa.
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