Os manifestantes reuniram-se perto do número 10 de Downing Street, no centro de Londres, e em Belfast, York e outras cidades para mostrarem a determinação de bloquearem um Brexit “sem acordo”.

As multidões foram galvanizadas pela decisão de Johnson encerrar o parlamento quando se esperava um debate sobre os planos do Brexit.

Em Londres, canta-se “Boris Johnson, tem vergonha”.

O seu plano tem também a oposição de alguns parlamentares que planeavam introduzir legislação esta semana para prevenir uma saída desordenada da União Europeia.

O encerramento do parlamento por Johnson está também a ser alvo de três processos judiciais separados.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico avisou os deputados que travar o ‘Brexit’ a 31 de outubro “causará danos duradouros à confiança das pessoas na política” e alegou que a ameaça de saída sem acordo facilita as negociações com Bruxelas.

Na quarta-feira, o governo britânico obteve autorização da rainha Isabel II para suspender o parlamento durante cinco semanas, a partir de um dia a determinar entre 09 e 12 de setembro até 14 de outubro.

Ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, garantiu que a suspensão do parlamento britânico decidida pelo governo é “totalmente legal”, apontando que em causa estão apenas “quatro dias perdidos”.

“A ideia de que isto é um ataque à constituição não faz qualquer sentido. Na verdade, o que estamos a fazer é totalmente legal e há precedentes [na lei] para tal”, vincou o governante britânico, falando aos jornalistas à chegada à reunião informal dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE), em Helsínquia, no âmbito da presidência comunitária finlandesa.

Questionado se esta suspensão visa evitar escrutínio ao processo de saída da UE, Dominic Raab rejeitou esta possibilidade, frisando que a medida visa antes “apresentar ao povo britânico todas as outras coisas” que aquele executivo quer implementar no país após 31 de outubro, data prevista para a concretização do ‘Brexit’, nas áreas “da saúde ou educação”.

A suspensão do parlamento foi fortemente criticada pela oposição, que vê nela uma tentativa de limitar significativamente o tempo para os deputados apresentarem medidas para impedir uma saída do Reino Unido da UE sem acordo.

Ao mesmo tempo, manifestações contra a suspensão do parlamento, qualificada pela generalidade dos opositores como um ataque à democracia, realizaram-se em Londres e noutras cidades britânicas e uma petição contra a medida já ultrapassou um milhão de assinaturas.

(Notícia atualizada às 14:49)