“É razoável pedir que armas mais poderosas, como os famosos tanques Leopard, sejam entregues à Ucrânia ou isso não é razoável?”, perguntou Josep Borrell aos eurodeputados durante um debate no Parlamento Europeu sobre a política comum de segurança e defesa da UE.

Para o chefe da diplomacia europeia, “foi uma honra para a Europa ajudar a Ucrânia a defender-se militarmente” da agressão russa e “continuará a ser uma honra da Europa ajudar aquele país”.

Borrel referiu-se igualmente à ajuda financeira fornecida à Ucrânia pela UE e por cada um dos estados-membros, apontando um valor próximo dos 50 mil milhões de euros, “acima até [do apoio] dos Estados Unidos”.

Durante o debate de hoje, Borrell manifestou a sua confiança na aprovação de um sétimo envelope de 500 milhões de euros para financiar o envio de armamento para a Ucrânia, a partir do Fundo Europeu de Apoio à Paz, que já destinou 3.100 milhões para este objetivo.

Hoje, a UE desembolsou os primeiros três mil milhões de euros de ajuda financeira dos 18 mil milhões que pretende fornecer à Ucrânia em 2023.

“Não sei se parece razoável ou não, mas ainda não me parece suficiente e não será enquanto a Ucrânia continuar a ser sistematicamente destruída pelo Exército da Federação Russa”, afirmou o dirigente europeu, quando se adensa a pressão sobre o Governo alemão para autorizar o envio dos tanques Leopard 2.

Esta polémica, entre outras, levou à demissão na segunda-feira de Christine Lambrecht, ex-ministra da Defesa alemã, que hoje foi substituída por Boris Pistorius, que era ministro do Interior do Estado federal da Baixa Saxónia.

Uma das suas primeiras decisões deverá ser sobre o envio de tanques Leopard para a Ucrânia, depois de a Alemanha já ter fornecido veículos de defesa blindados Gepard e Marder.

O Governo de Scholz insiste em fazer qualquer anúncio de armamento para a Ucrânia juntamente com outros parceiros.

A questão será um dos temas da reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, que se realiza na sexta-feira, na base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha.

“A porta para uma solução diplomática para o conflito terá que continuar aberta, é claro”, disse Borrell no debate com os eurodeputados, “mas devemos estar preparados para enfrentar um mundo que não é como gostaríamos que fosse”, alertou.

Vários dirigentes europeus defenderam hoje no Fórum Económico Mundial, em Davos, a necessidade de manter a unidade europeia e transatlântica em relação à guerra na Ucrânia, e aumentar a ajuda militar a Kiev com o envio de tanques modernos.

O Presidente da Polónia, Andrzej Duda, um dos participantes num debate realizado na estância turística suíça no âmbito do fórum, insistiu que a Ucrânia tem vindo a enviar a mesma mensagem desde o início da guerra, pedindo armas para combater a Rússia.

Duda, que esteve recentemente na Ucrânia, disse que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lhe deixou claro que as forças armadas da Ucrânia precisam de tanques modernos.

“É a única forma de impedir a invasão”, afirmou o líder polaco, citado pela agência espanhola EFE.

Duda lembrou que anunciou recentemente a decisão da Polónia de enviar 14 tanques alemães Leopard para Kiev, mas que está a “tentar obter mais apoio dos parceiros”.

A cedência dos tanques Leopard à Ucrânia carece da concordância da Alemanha.

Duda participou numa mesa redonda com os presidentes da Letónia, Gitanas Nauseda, e da Macedónia do Norte, Stevo Pendarovski, o chefe da diplomacia espanhola, José Albares Bueno, e a líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya.

Nauseda também defendeu que “alguém tem de dar o primeiro passo”, alegando que os “tanques são agora um fator muito estratégico”.