Segundo noticia o Público, esta quarta-feira, o Ministério Público (MP) refere no recurso do processo de licenciamento de um hospital em Valongo - para contestar a absolvição dos dez arguidos acusados no processo - que o antigo deputado do PSD Agostinho Branquinho foi beneficiário de uma conta bancária na Suíça, aberta em 2012, que chegou a reunir quase 900 mil euros. O dinheiro viria de uma outra conta, em nome de uma sociedade offshore, criada em junho de 2004, com sede no Panamá e que era detida por Branquinho, mas cujo ex-deputado Marco António Costa também estava autorizado a movimentar.

De acordo com a publicação, os elementos apresentados no recurso, refere o MP, têm como objetivo fazer ruir a argumentação que Branquinho apresentou durante o julgamento para justificar ter recebido, em 2007, do dono da obra, 225 mil euros, e que a acusação refere que seriam para pagar a sua influência junto do antigo presidente da câmara de Valongo, Fernando Melo, e mais dois vereadores sociais-democratas para alegadamente ignorarem as violações às normas urbanísticas.

Branquinho afirmou em julgamento que o dinheiro foi um empréstimo que Joaquim Teixeira - seu amigo e para quem tinha trabalhado como consultor - lhe tinha cedido para pagar uma dívida bancária relacionada com a compra de um imóvel.

Porém, no recurso, os procuradores questionam por que motivo pediria tal valor a Joaquim Teixeira, "se o arguido tinha quase 900 mil euros na Suíça, e rendimentos realizados de capitais no valor de 150 mil euros, no período de 2006 a 2007".

“Na sequência do facto de terem sido detetadas transferências bancárias de contas no estrangeiro para as contas de Agostinho Branquinho, foram expedidas cartas rogatórias às autoridades suíças, as quais, respondidas revelaram que [este] era beneficiário de uma conta na Suíça COMPTE 802702, aberta em 2012, com ativos cujo saldo tinha o valor de €899.857,74, que havia por sua vez sido alimentado naquele valor por conta bancária titulada pela sociedade LA MADELAINE HOLDING, SA, offshore sediada no Panamá, criada a 15/06/2004 detida por Agostinho Branquinho, e autorizada a Marco António Costa, e para a qual o arguido solicitou pelo seu próprio punho a transferência daqueles valores”, refere o recurso.

Agostinho Branquinho, administrador do Hospital da Prelada, da Santa Casa da Misericórdia do Porto, escusou-se a fazer qualquer comentário.

No entanto, uma fonte próxima do antigo deputado sublinhou ao Público, no entanto, que o ex-político foi empresário durante muitos anos no sector da comunicação, brindes e merchandising e que possuía negócios no estrangeiro, recorrendo à assessoria do Banco Privée Espírito Santo, que terá criado a off-shore, um facto que, salienta, não reveste qualquer ilegalidade.

Marco António Costa, vice-presidente da Câmara de Valongo e ex-deputado, diz estar em “surpresa absoluta”. “Não tenho memória desse assunto. Mas posso garantir que nunca movimentei nada nesses termos.”

Marco António Costa, que chegou a suceder a Branquinho como secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, reconheceu ser amigo deste último, mas assegurou nunca terem tido negócios.