"A operação foi lançada numa favela chamada Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro, com 900 homens das Forças Armadas apoiados por veículos blindados, aeronaves e com equipamentos de engenharia pesada", anunciou em comunicado o comandante das forças de segurança.
Segundo o mesmo comunicado, a operação inclui patrulhamento dos acessos e também incide no espaço aéreo, com "restrições de voos de aeronaves civis".
Os militares estão também a limpar as ruas da favela que se encontram repletas de obstáculos, colocados por traficantes para dificultar a progressão das forças de segurança.
No sábado, numa operação anterior, as Forças Armadas já haviam removido barricadas erguidas em várias ruas, mas os traficantes voltaram a montá-las algumas horas depois da partida dos militares.
A operação de hoje é a terceira ação deste tipo realizada na favela desde que o Presidente brasileiro, Michel Temer, assinou um decreto transferindo o comando das operações contra o crime organizado neste Estado para o Exército.
A decisão, porém, foi criticada por defensores dos direitos humanos que temem que a população das favelas - bairros muito desfavorecidos onde vivem um quarto dos habitantes do Rio de Janeiro - sejam submetidos a abusos durante as operações.
A mesma preocupação foi expressa hoje pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que se manifestou alarmado com o facto de as Forças Armadas brasileiras terem assumido a segurança no Estado.
No relatório anual que apresentou hoje no conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o responsável criticou o decreto de Michel Temer que autoriza as Forças Armadas brasileiras a desempenhar as tarefas da Polícia no Rio de Janeiro, força que fica sob o comando do Exército.
“As Forças Armadas não são especializadas em segurança pública ou em investigação”, afirmou Zeid Al Hussein, que deplorou ainda o pedido do Exército de perdão por crimes cometidos pelos soldados.
O responsável da ONU apelou ao Governo brasileiro para que garanta que as políticas de segurança respeitem os direitos humanos e que as medidas adotadas evitem discriminações ao nível da criminalização com base na raça ou no nível socioeconómico.
A crise de violência que abala o Rio saldou-se, no ano passado, em 6.731 homicídios, entre os quais os de mais de 100 polícias e uma dezena de menores por “balas perdidas”.
Só no passado mês de janeiro, o Estado do Rio de Janeiro, cuja população se concentra maioritariamente na região metropolitana da capital homónima, registou uma média de 21 mortes violentas por dia.
A previsão é que as Forças Armadas obtenham o controlo da segurança no Rio de Janeiro até finais deste ano, embora Temer tenha dito que poderá levantar a medida antes, se a situação na região estiver normalizada.
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