A informação foi confirmada pela própria líder indígena na rede social Twitter, que classificou a ação como uma “perseguição inaceitável e absurda” por parte do Governo de Bolsonaro.

O inquérito sobre difamação foi aberto a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão tutelado pelo executivo federal que coordena e implementa políticas de proteção aos povos nativos.

De acordo com a APIB, Sonia Guajajara foi acusada de difamar o Governo Federal através da ‘websérie’ “Maracá”, ao denunciar violações de direitos cometidas contra povos indígenas durante a pandemia de covid-19.

“Essa é mais uma investida que nitidamente se percebe [como] uma tentativa de criminalização de uma liderança política indígena e mulher que, com a bravura dos povos indígenas, tem feito o contraponto/denúncia a esse Governo genocida”, indicou a APIB na rede social Facebook.

Já em comunicado, a organização indígena frisou que “o Governo procura intimidar os povos indígenas, numa nítida tentativa de cercear a liberdade de expressão, que é a ferramenta mais importante para denunciar as violações de direitos humanos”.

“Os discursos racistas e odiosos do Governo Federal estimulam violações contra nossas comunidades e paralisam as ações do Estado que deveriam promover assistência, proteção e garantia de direitos. (…) Atualmente, mais da metade dos povos indígenas foram diretamente atingidos pela covid-19, com mais de 53 mil casos confirmados e 1.059 mortos”, denunciou a entidade.

A intimação, que, segundo a APIB, ocorreu no dia 26 de abril, gerou várias críticas ao executivo federal e uma onda de apoio à líder indígena, incluindo o antigo Presidente brasileiro Lula da Silva.

“Sonia Guajajara foi intimada pela PF [Polícia Federal] por supostamente ter difamado o Governo, ao trazer luz a violações contra os povos indígenas. É o Governo da mentira perseguindo e tentando intimidar aqueles que denunciam a verdade. Não vão conseguir. Minha solidariedade, Sonia Guajajara”, escreveu no Twitter Lula da Silva.

“O papel do Governo Federal é auxiliar as populações tradicionais e não perseguir. O Governo tem sido negligente e incompetente, e não aceita a exposição do seu fracasso. Nossa solidariedade à Sonia Guajajara. Conte com o nosso apoio contra o autoritarismo”, disse, por sua vez, o senador Randolfe Rodrigues, líder da oposição na câmara alta parlamentar.

Já o ex-candidato à Presidência do Brasil em 2018 e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, também alvo de um inquérito da Polícia Federal por apenas ter feito críticas a Jair Bolsonaro, classificou como “um processo arbitrário do Governo” a intimação à líder indígena.

“Autoritário, Bolsonaro segue usando o Estado para perseguir e tentar calar adversários políticos. Sonia Guajajara foi intimada a pedido da Funai por denunciar violações de direitos das comunidades indígenas. Absurdo! Todo apoio, Sonia! Estamos juntos em defesa dos povos originários!”, indicou a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann.