O juiz responsável na primeira instância da operação que desvendou o maior escândalo de corrupção no Brasil, a operação Lava Jato, assegurou, no entanto, que o crime é combatido com investigações sólidas e evitando confrontos armados.

A flexibilização da posse e porte de armas na luta contra o crime foi uma das bandeiras de Bolsonaro durante a campanha.

Na entrevista que foi emitida no domingo, Moro disse que as regras atuais para a posse de armas em casa são "muito restritivas" e que flexibilizar estas regras não significa incentivar as pessoas a andarem armadas nas ruas.

"Posse significa que a pessoa pode ter uma arma dentro de casa, não que ela ande com a arma", disse o juiz.

Segundo o futuro ministro da Justiça brasileiro, "o crime organizado deve ser confrontado com investigações sólidas, a prisão e isolamento dos seus líderes e o confisco dos produtos da atividade criminosa e dos bens da organização".

"Não podemos construir uma política criminal, incluindo a luta contra o crime organizado na base de confrontos e tiroteios. O risco de danos colaterais é muito grande, e não apenas danos colaterais, mas o risco para a polícia", afirmou Moro.

Durante a entrevista, o futuro governante disse ser favorável à ideia de Bolsonaro de reduzir a idade de responsabilidade criminal no país, que atualmente é de 18 anos, considerando que "não resolve a criminalidade, mas tem que ser considerada na justiça individual".

"Pense numa família em que um dos seus membros foi vítima de um homicídio cometido por um adolescente com idade acima de 16 anos. As pessoas querem uma resposta do Estado institucional e do sistema atual, que prevê penas muito pequenas para crimes dessa natureza, a sério, é insatisfatório", disse.

Outra questão abordada na entrevista foram os crimes de ódio contra as comunidades LGBTI (sigla usada para nomear Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros), negros, mulheres e minorias, que, segundo o juiz, serão severamente punidos pelo novo Governo.

Moro disse que na campanha eleitoral nunca viu a proposta de Bolsonaro com um tom discriminatório em relação às minorias.

"Eu nunca entraria num Governo em que houvesse uma sombra de suspeita de que teria qualquer política a esse respeito", acrescentou.

Moro aceitou há duas semanas o cargo de ministro da Justiça oferecido por Bolsonaro.

Moro ficou famoso depois de condenar e prender o ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, sentenciado a 12 anos por corrupção passiva e branqueamento de capitais, acusado de receber um apartamento como suborno em troca de beneficiar contratos da construtora da OEA com a estatal petrolífera Petrobras.