Num evento público realizado na quinta-feira, Marina Silva revelou que a iniciativa consiste em “um mecanismo de pagamento por floresta por pé [quadrado], por hectare, para ajudar a proteger as florestas tropicais” em cerca de 80 países.

O Governo brasileiro apresentou a ideia esta semana a outros membros do Tratado da Organização de Cooperação Amazónica, bloco que reúne Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

O fundo terá “uma arquitetura simples (…) inovadora e eficaz”, garantiu Marina Silva, que acrescentou que os detalhes serão revelados pelo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a COP28, que se realiza no Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro.

Mas Marina Silva confirmou que, ao contrário do já existente Fundo Amazónia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil, o novo fundo internacional vai ser gerido por “uma instituição financeira multilateral”.

Também na quinta-feira, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária disse que o Brasil vai apresentar na COP28 um plano para aumentar a superfície agrícola do país sem desflorestação, através da conversão de pastagens.

Numa conferência de imprensa, Roberto Perosa disse que, dos quase 160 milhões de hectares de áreas de pastagem, cerca de 40 milhões de hectares são áreas “degradadas, mas muito aptas para cultivo”.

“Assim, com um certo investimento no solo, esta terra pode ser convertida em área arável”, explicou Perosa.

Em dez anos, o Governo pretende investir 120 mil milhões de dólares (110 mil milhões de euros) e expandir as áreas de cultivo do Brasil de 65 para 105 milhões de hectares, sem desflorestação.

“Vamos fazer a ampliação sem derrubar qualquer árvore”, afirmou Perosa, referindo-se a uma “grande revolução”.

A iniciativa privada já permite atualmente a conversão de quase um milhão e meio de hectares por ano, garantiu o secretário.

Lula da Silva vai marcar presença na COP28 a 01 e 02 de dezembro, liderando uma delegação recorde de 2.400 pessoas e retomando assim a agenda oficial de viagens internacionais, dois meses após se ter submetido a uma cirurgia para implantar uma prótese de quadril.

Antes de viajar para o Dubai, Lula visita a Arábia Saudita, onde se vai encontrar com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman e participar num encontro com empresários, avançou a Agência Brasil.

De acordo com a agência de notícias brasileira, o Presidente vai ainda passar pelo Qatar, onde deverá falar com as autoridades locais, mediadoras entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, sobre o conflito na Faixa de Gaza.

Após a COP28, a delegação brasileira, liderada por Lula, viaja até à Alemanha para se reunir com as autoridades do país, incluindo o Presidente, Frank Walter Steinmeier, e o chanceler, Olaf Scholz.