“Tudo o que seja uma saída sem acordo é uma saída quase caótica e de consequências muito negativas para as duas partes, e com repercussão obviamente a nível mais amplo, económico e financeiro internacional”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando aos jornalistas à margem da entrega do Prémio Científico IBM, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, o Presidente da República apontou que “a União Europeia é uma financiadora essencial da investigação feita nas melhores universidades britânicas”.
Mas as interdependências, continuou, abrangem também os domínios da agricultura ou das comunicações.
Por isso, “a posição portuguesa – o Governo já o disse e o Presidente da República apoia – é de tudo fazer para que haja um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia”, salientou.
“Isso significa fazer mesmo tudo que esteja ao alcance, dentro da unidade da União Europeia, para proporcionar as melhores condições para que o Reino Unido, o mais rápido possível, poder votar livremente um acordo connosco, União Europeia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado apontou também que este é um tema que “há muito” o preocupa, e por isso convocou um Conselho de Estado para quinta-feira com o negociador-chefe da União Europeia, Michel Barnier, “numa altura em que não se sabia ainda qual o resultado desta votação, para que ele viesse explicar como tinha sido até agora, e como poderá vir a ser depois da decisão do parlamento britânico”.
“Mas também já percebi que a posição de Michel Barnier, que é a nossa, é de disponibilidade para explorar todas as hipóteses dentro da posição que é a posição da União Europeia, que facilitem a adesão do Reino Unido a um acordo com essa União e que, portanto, impeça uma saída desordenada, uma saída sem regras, uma saída de custos elevadíssimos para uns e para outros”, referiu Marcelo aos jornalistas.
Quanto à possibilidade de um novo acordo, o Presidente da República assinalou que a União Europeia “tem dado passos” para “facilitar a decisão dos britânicos”.
“Vamos ver agora um pouco qual é a resposta que vem do lado de lá. É muito importante perceber, da parte do Reino Unido, a mesma vontade que nós temos de manter a conversa em marcha e criar condições para um acordo, porque isso é que é fundamental”, acrescentou.
“Aquilo que digo é que, tudo o que possa ser feito para que os vínculos entre nós sejam os mais fortes possível, é essencial”, advogou.
Marcelo aproveitou também para deixar uma palavra aos portugueses que vivem no Reino Unido, e aos britânicos que vivem em Portugal.
“Portugal já disse que em todas as circunstâncias, tudo fará para que, naquilo que dependa de nós, autoridades portuguesas, sejam garantidos os direitos dos britânicos em Portugal e, por isso também dos portugueses no Reino Unido”, salientou.
O parlamento britânico reprovou na terça-feira, de forma expressiva, o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo da primeira-ministra Theresa May com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor.
Uma desvantagem de 230 votos, sendo que 118 dos votos contra foram de deputados do próprio partido Conservador da primeira-ministra Theresa May.
Com o chumbo, a dois meses e meio da data [29 de março] prevista para a saída, já esperado por políticos, imprensa e analistas, o processo fica com um futuro incerto.
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