O caso de Brock Turner já fez correr muita tinta. A sua libertação, justificada no âmbito legal, voltou a mobilizar a opinião pública americana, que já considerava muito leve a pena original de seis meses, devido à gravidade do crime cometido. Os canais de televisão mostraram o ex-atleta universitário, de 21 anos, a sair do estabelecimento prisional do condado de Santa Clara, em San José, Califórnia e o tema voltou à ordem do dia.

Recapitulando. Em janeiro de 2015, Brock Turner violou uma jovem inconsciente no campus da universidade de Stanford. Depois de uma longa novela, Turner acabou condenado, mas com uma pena ligeira. Uma petição popular apoiada por mais de um milhão de assinaturas pediu a demissão do juiz Aaron Persky, também ele ex-atleta de Stanford, e denunciou a sua alegada "tomada de partido" a favor do acusado.

Persky gerou indignação ao condenar Turner a apenas seis meses de prisão com liberdade condicional pela violação, tendo o juíz afirmado que temia que uma pena mais longa pudesse afectar "gravemente" o réu. O pai de Turner afirmou, por seu lado, durante a audiência que o seu filho não merecia ir para a prisão, considerando que era "um preço altíssimo a pagar por 20 minutos de ação dos seus mais de 20 anos de vida".

A vítima da violação descreveu no julgamento os danos psicológicos e a rejeição do próprio corpo que sentia, e criticou Turner por ter declarado que "uma noite de bebedeira pode arruinar uma vida". "Arruinar uma vida, uma vida, a sua. Esqueceu-se da minha", disse a jovem durante o julgamento, olhando de frente o acusado.

O caso focou a atenção pública nos abusos sexuais que têm lugar nas universidades americanas, onde, segundo um estudo, mais de uma em cada seis mulheres são violadas durante o seu primeiro ano quando estão sob o efeito de álcool ou drogas.