Os dois bandidos que apontaram violentamente uma arma a Marieke Bayens, uma californiana de 27 anos, não queriam nem o seu dinheiro nem a sua vida. Queriam Merlyn, o cãozinho que ela levou a passear, pelo facto de ser um buldogue-francês.

Pequeno e fácil de pegar e transportar, um cão desta raça custa milhares de dólares no mercado clandestino por ser um dos animais de estimação preferidos das estrelas.

A vítima mais famosa foi Lady Gaga. No ano passado, um conjunto de homens armados sequestraram dois dos seus buldogues-franceses, Koji e Gustav. Na operação, abriram fogo e feriram o funcionário encarregado de passear com eles. A cantora ofereceu uma recompensa de 500.000 dólares e finalmente recuperou os seus dois amigos de quatro patas.

Já Marieke Bayens sofreu um golpe parecido em Oakland, enquanto passeava com Merlyn, o cão que recebeu de presente de uma amiga. O assalto aconteceu em plena luz do dia na rua, a 26 de novembro às seis da tarde.

"Estava à espera que Merlyn terminasse de fazer cocó quando vi que duas pessoas se aproximavam. A princípio não suspeitei, porque usavam máscaras como toda a gente, mas notei que estavam a usar luvas cinzas e isso chamou-me a atenção", disse à AFP.

"Um instante depois, um deles estava à minha frente e a apontar uma arma à minha cara. Gritou-me: 'Dá cá o cão!'", conta. "O outro já tinha agarrado Merlyn do chão e, perante a minha falta de resposta, o que segurava a arma arrancou a coleira das minhas mãos. Correram para um carro e fugiram por uma rua na direção contrária".

Noutras outras partes do país, a polícia tem observado a mesma determinação fria entre os ladrões de "Frenchies", nome pelo qual são conhecidos estes cães

Mas porque é que os buldogues-franceses são alvo dos ladrões? Primeiro, pelo seu preço de compra - entre 3.500 e 5.000 dólares em média, ou inclusive mais - e depois porque é difícil consegui-los, comenta com a AFP Brandi Hunter Munden, vice-presidente do American Kennel Club.

"É uma raça que não tem ninhadas grandes e encontrar um pode demorar", comenta esta especialista. "O facto de serem cada vez mais populares explica o aumento do número de roubos. Mas o uso da violência é um fenómeno novo e preocupante".

Diante da onda do "dognapping" (jogo de palavras em inglês entre dog = cão e kidnapping = sequestro), os especialistas recomendam para proteger estes cães tão apreciados — e noutros de outras raças também — instalar neles um chip eletrónico, nunca deixá-los sem supervisão, guardar os seus documentos de identidade num local seguro, fechar as portas para que não saiam, colocar um colar GPS e ter cuidado com estranhos que entrem em casa.

No entanto, o conselho mais importante e provavelmente menos seguido refere-se às redes sociais: evitar a todo custo publicar fotos ou vídeos do cão, facilmente geolocalizáveis.