Em entrevista à agência cabo-verdiana de notícias Inforpress, Antão Fortes explicou que a queda na produção de energias renováveis ficou a dever-se ao facto de se ter feito “mais investimentos na energia convencional”.
O responsável empresarial lembrou que em 2014 houve uma “grande iniciativa” do então Governo em querer “explorar mais” os benefícios das renováveis, mas notou que desde essa altura as renováveis têm perdido terreno a favor das energias convencionais.
“É preciso criar todas as condições esclarecedoras para o investidor, sobretudo o externo que traz o seu capital (para o país)”, mostrou Antão Fortes, acrescentando que “muitos bons passos” estão a ser dados no quadro de um projeto financiado pela União Europeia (EU), que vai definir o plano diretor do setor elétrico.
O administrador delegado da Cabeólica espera que o plano diretor “clarifique alguns dos parâmetros de como o processo de novos investimentos vai acontecer no domínio das energias renováveis” em Cabo Verde.
“Para que o privado invista ele precisa de saber claramente com que linha se vai coser, ou seja, como é que fará o seu investimento, qual é o retorno que vai ter e qual o mecanismo que vai ser utilizado para este fim”, salientou.
Segundo o administrador, a Cabeólica, uma parceria público-privada que começou a funcionar em 2011, já injeta cerca de 20 por cento de energia limpa nas redes públicas de Cabo Verde, valor que por vezes chega aos 24%.
A Cabeólica tem uma capacidade instalada de 25,5 mega watts, o que corresponde a um investimento global de cerca de 60 milhões de euros, amortizáveis em 20 anos.
O Governo anterior do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) estabeleceu como meta a cobertura do país de energias renováveis a 100% em 2020, mas Antão Fortes disse à Inforpress que essa meta não será atingida.
“Não por razões tecnológicas, mas sim por motivos económico-financeiros. Haveria que se fazer grandes investimentos em pouco tempo para se garantir que em 2020 houvesse energias renováveis a cem por cento”, referiu.
Quanto ao atual Executivo do Movimento para a Democracia (MpD), notou uma “abertura” na maximização das energias renováveis, mas salientou que “deixa de haver uma meta tão restritiva até 2020″.
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